A semana da moda de Londres teve apenas cinco dias para mostrar o vale numa edição em que se celebrava o seu 40º aniversário. De 16 a 20 de fevereiro, o calendário foi preenchido, não só de eventos, mas também de muita criatividade e pelo meio ainda houve tempo para a cerimónia de entrega dos prémios BAFTA com a sua passadeira vermelha de estrelas. Destacamos algumas coleções e inspirações e deixamos um resumo destes dias na fotogaleria em cima.
Depois da semana da moda de Nova Iorque não ter feito bater os corações mais apaixonados por moda, Londres terá certamente provocado alguns suspiros. Além das marcas que as celebridades adoram e da Burberry ter aparentemente reconquistado ao seu estatuto de referência, importa referir que muitos jovens designers lançam as suas propostas nesta indústria feroz em Londres, um palco famoso como plataforma emergente de novos talentos. Há ainda a registar o regresso da dupla de portugueses Marques’Almeida aos desfiles em Londres.
Dúvidas houvesse de a Burberry é uma marca bem britânica na sua essência e teriam todas sido desfeitas com este desfile. Um casting de modelos nacionais de topo (Naomi Campbell incluída, claro), uma paleta de tons de verde secos, castanhos e cinzas e os padrões tartan e diferentes jogos de cor, foram três apostas de sucesso de Daniel Lee. A marca com 167 anos de história (e de roupa) e estatuto de luxo tem estado com resultados abaixo das expectativas, segundo a imprensa local, e as expectativas eram muitas porque quando Lee se instalou na marca fez uma mudança radical, recuperando até um logo antigo. Na passarelle viu-se casacos para diferentes gostos e enfrentar o inverno com impacto, saias compridas, vestidos, malhas, botas, grandes cachecóis a envolver o pescoço e looks com sobreposições de peças que gritam anunciam um estilo luxuoso de inspiração campestre para usar na cidade. A crítica rendeu-se, falta saber o que farão os clientes.
O designer Erdem Moralıoğlu inspirou-se no guarda-roupa de Maria Callas para criar a nova coleção da Erdem. “Esta ideia de alguém ser de algum lado e acabar em outro lugar é muito interessante para mim”, disse o designer citado pelo Telegraph. E, para realçar o lado grego das origens da cantora lírica, teve os mármores do Parthenon em exibição no British Museum, como cenário do desfile. Uma performance que Callas fez de Medea em 1953, em que a diva usou vestidos drapeados e capas, terá sido especialmente impactante para o designer. A marca é uma favorita entre as celebridades e a realeza e para o próximo inverno apresentou vestidos coloridos e que envolvem o corpo em coloridos padrões e texturas. As novas propostas mantêm-se fiéis ao estilo Erdem, contemporâneo, muito feminino e adequado a diferentes gerações, com looks de princesa moderna e também modelos clássicos.
Jonathan Anderson é o designer ao leme da casa de luxo espanhola Loewe, mas mantém a sua marca própria fundada em 2008 e que é um dos pontos altos da semana da moda de Londres, a JW Anderson. A nova coleção foi masculina e feminina trouxe um mood desportivo chique com muitas peças surpreendentes em malha, peças escultóricas, looks descontraídos e houve ainda espaço para alguma diversão com saias em fitas de várias cores e aplicações florais, tudo com a simplicidade elegante que caracteriza o estilo de Anderson, assim como o seu gosto pelas técnicas artesanais. As modelos desfilaram com perucas de caracóis grisalhos.
Duas duquesas, uma marca de moda. O duelo que terá separado Kate Middleton e Meghan Markle
Roksanda Ilinčić visitou a casa do arquiteto Le Corbusier no sul de França e ficou especialmente encantada com os murais pintados no hall de entrada, Foram o arranque para a criação de tecidos em lã estilo tapeçaria que viriam a dar origem a tops, saias e uma colorida capa comprida com 200 horas de trabalho.
Para Simone Rocha o ponto de partida da nova coleção foi a roupa de luto da Rainha Victoria, com toda a sua opulência real. A designer “desmontou” os componentes dos trajes da época e usou alguns dos apontamentos para enriquecer as suas peças atuais, como os atilhos de corpete. Esta coleção de nome “Preserved” foi a última de um ciclo de três e foi também um regresso à sua moda, uma vez que ainda no passado mês de janeiro Rocha tinha apresentado uma coleção de Alta Costura em nome da marca Jean Paul Gaultier.
Harris Reed levou os seus convidados para a Tate Britain e, talvez seguindo a máxima “menos é mais”, apresentou uma coleção de 10 looks com silhuetas esculturais e tecidos visualmente ricos. Richard Quinn, que vale a pena lembrar é o jovem designer que teve a rara honra de ter Isabel II sentada na primeira fila do seu desfile, tem como assinatura os tecidos com intensos padrões florais e, desta vez, as flores também não faltaram. Na passerelle as estrelas foram os vestidos de noiva e a coleção ficou completa com uma série de looks criados para ocasiões especiais, mais do que para o dia a dia e sobressaíram as peças com efeitos tridimensionais e ricas texturas.
Depois de deixar Nova Iorque para trás, os holofotes da moda viram-se agora para Milão.
Das passerelles ao street style, a semana da moda de Nova Iorque em 45 imagens