Passadas as eleições e confirmada a vitória da AD, o Bloco de Esquerda quer promover um novo período de diálogo à esquerda. Por isso, o partido enviou convites aos partidos vizinhos na esperança de poderem reunir-se e encontrar “convergências” que sirvam para “construir uma alternativa” — e PS e Livre já lhe disseram que sim.
Ao Observador, minutos depois de o Bloco ter divulgado nas redes sociais a informação sobre os convites que enviou esta terça-feira, fonte oficial do PS confirmou a sua “disponibilidade” para conversar com o partido de Mariana Mortágua: “O PS está naturalmente disponível para receber o Bloco de Esquerda”.
E o Livre respondeu ainda mais rapidamente, tendo fonte oficial recordado ao Observador que o partido tem defendido diálogos e convergências à esquerda: “Claro que aceitamos, sempre o defendemos”.
Situação mais estranha é a do PCP, que ao Observador disse, para já, não ter “conhecimento de nenhum convite”: “Ficámos a saber da intenção através daquele vídeo“, adiantou fonte do partido, sem que se tenha percebido até agora porque é que outros partidos dizem ter recebido o convite, e até já lhe ter respondido, e os comunistas não.
[Já saiu o terceiro episódio de “Operação Papagaio” , o novo podcast plus do Observador com o plano mais louco para derrubar Salazar e que esteve escondido nos arquivos da PIDE 64 anos. Pode ouvir o primeiro episódio aqui e o segundo episódio aqui]
O vídeo publicado nas redes sociais do partido dá continuidade à mensagem que o Bloco procurou transmitir durante a campanha, e que assentava numa estratégia de construção de uma maioria à esquerda, com acordos em pontos essenciais caso houvesse oportunidade para uma governação à esquerda. Agora, com motivos reforçados: no vídeo, Mariana Mortágua argumenta que “as eleições mudaram a face política do país”. “Os resultados da AD, a subida da extrema-direita, colocam Portugal sob o risco de um retrocesso e uma ameaça aos direitos sociais”.
E é essa urgência, para o partido, que deve levar a uma maior união da esquerda: “Os partidos do campo democrático, ecologistas, da esquerda, têm a obrigação de manter abertas as portas do diálogo e procurar convergências”.
“Não desistimos daquilo que é essencial. Não abdicamos de nada. Não abdicamos da memória, do futuro, nem do Estado social, nem do objetivo da igualdade”. A ideia mais em concreto, explicada pela coordenadora do partido, passa por “analisar o resultado das eleições”, mas também “debater os elementos de convergência”, “não só na oposição ao governo da direita mas também na construção de uma alternativa”.
E querem começar pelo 25 de Abril: “Queremos também garantir que juntas e juntos faremos este ano as maiores manifestações da comemoração do 25 de Abril”, desafia Mortágua. Para já, tem duas respostas afirmativas.