O suspense foi quebrado em outubro de 2023. Sete meses depois de confirmada a candidatura ibérico-marroquina do Mundial de Futebol da FIFA de 2030, uma entrevista inesperada do presidente da CONMEBOL forçou a FIFA a acelerar processos e a confirmar mais cedo do que o previsto que a competição vinha mesmo para Portugal, Espanha e Marrocos. Esvaziaram-se aí algumas surpresas e protocolos habituais, mas um tinha-se de manter: a apresentação da candidatura, com o lema “Yalla, Vamos”. Já tinha corpo, faltava cara. Ou caras.

Fernando Gomes recebeu o presidente da Federação Marroquina e os representantes da Real Federação Espanhola, mas a presença de nomes como Luís Figo, Eder ou Adebayor abriram as portas ao futuro. E esse futuro também já tem mapa — pelo menos um esboço dele. No discurso de abertura, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol assumiu, sem surpresas, quais os estádios que vão receber jogos em Portugal: Estádio da Luz, José Alvalade e Dragão, com agradecimentos ao Benfica, Sporting e FC Porto.

Num discurso que durou cerca de dez minutos e que foi também ouvido pela ainda Ministra Adjunta Ana Catarina Mendes, Fernando Gomes agradeceu ainda ao Governo português pelo “apoio incondicional” à candidatura e aproveitou para deixar um recado: “Estou certo que o próximo Governo o irá também reiterar”.

É este o logótipo oficial da candidatura ibero-marroquina, já vencedora, e que vai organizar o Mundial 2030

Uma das caras fortes da candidatura é sem dúvida também a de António Laranjo, que foi o presidente da Sociedade Euro 2004 e homem forte da gestão do evento. Regressa agora para ser o coordenador da candidatura ibero-marroquina e deixou a fasquia elevada para nova organização: “Vamos realizar o melhor campeonato do mundo de sempre, vai ser um evento sem igual”, afirmou.

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Foi também a António Laranjo que coube a missão de responder às perguntas dos jornalistas, mas ainda com muitas dúvidas no ar. Uma delas é sobre as cidades que vão receber os jogos e quais as fases que cada país vai organizar. À cabeça, se Portugal vai receber alguma meia-final: “Portugal não vai fazer investimentos para aumentar a capacidade dos estádios, o que significa que não vai receber a final. Como não vai receber a final, há uma esperança grande de receber as meias-finais. Os dois países que não receberem a final, devem receber a meia-final. Por isso, por enquanto, só podemos dizer que Portugal tem a fundada expectativa de receber uma meia-final“, explicou.

Ainda sobre os investimentos que vão ser feitos, António Laranjo remete para mais tarde um estudo mais detalhado com todas as contas, mas reforça a garantia: “Portugal não vai fazer investimentos avultados nos seus estádios”.

Para mais tarde, não teve de ficar a apresentação dos embaixadores da candidatura, com uma surpresa: Cristiano Ronaldo, muito ligado à candidatura da Arábia Saudita, que entretanto acabou por cair, é mesmo embaixador da candidatura portuguesa, dividindo a representação lusa com Luís Figo, antigo capitão da Seleção, e Dolores Silva, capitã da Seleção Nacional Feminina. CR7 não esteve presente na cerimónia, mas deixou uma mensagem num vídeo muito dificultado pelo vento. Por entre as dificuldades, ouviu-se: “Portugal já mostrou no passado a capacidade de organização que tem. Por isso, o que eu desejo, é que 2030 seja um ano de glória e de sucesso, e que corra tudo da melhor maneira”.

Já Luís Figo, presencialmente e em poucas palavas, deixou desejou sucesso à organização, lembrando o que já foi feito em Portugal: “O Euro 2004 foi uma vitória do país. Para nós, portugueses, foi uma ligação única, que esperemos que seja repetida em 2030”.

Os embaixadores da candidatura ibero-marroquina ao Mundial 2030

Destaque ainda para a ausência de menções durante a apresentação aos jogos de abertura na América do Sul, bem como de uma possível parceria da Ucrânia, que parece ter ficado de vez posta de lado, tendo estado nas cogitações para receber também alguns jogos.