O primeiro-ministro cessante considerou esta quinta-feira que uma das “maiores derrotas estratégicas” do Presidente russo no conflito com a Ucrânia foi achar que ia conseguir dividir a União Europeia (UE), acabando por contribuir para o oposto.

“Acho que a maior derrota estratégica do Presidente Putin, até ao momento, foi seguramente a capacidade de resistência do povo ucraniano, a segunda maior foi estar convencido de que ia apanhar uma UE dividida e, pelo contrário, aquilo que resultou foi uma União Europeia que se mostrou bastante unida e capaz de reagir”, disse António Costa, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.

O apoio prestado pela UE ao país invadido há mais de dois anos, desde a humanitária, política, económica e militar demonstrou “sistematicamente capacidade de unidade e de resposta” entre os 27 países do bloco comunitário, apontou.

Essa é uma derrota grande de Putin, como também quando julgou que ia enfraquecer a NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], que está hoje mais forte, com dois novos Estados-membros, a Suécia e a Finlândia, que romperam uma tradição de neutralidade”, completou o primeiro-ministro socialista.

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Questionado sobre o crescimento de vários partidos de extrema-direita alinhados com o Kremlin, que têm uma postura eurocética e de credibilização das ações de Moscovo, António Costa referiu que isso não é uma evidência em toda a UE.

“Como devem imaginar, eu não desejo o aumento da extrema-direita, pelo contrário, mas acho que é preciso também ter em conta que naquilo que designamos de extrema-direita nem todos são pró-russos e nem todos são a contra a defesa da Ucrânia. Por exemplo, em Portugal, não há nenhum partido que seja contra o apoio à Ucrânia, mesmo aqueles partidos que estão na extrema-direita”, completou.

António Costa também criticou as recentes eleições presidenciais na Rússia, apelidando o sufrágio de um “simulacro de eleições”.

Ao contrário, na União Europeia há “eleições a sério, não existe um simulacro”, que se traduz na pluralidade de opiniões através da escolha dos eleitores europeus, completou o primeiro-ministro cessante.