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Não, a Rússia não pretende atacar países europeus, membros da NATO. Sim, a Rússia irá abater os caças F-16 que os aliados da Ucrânia enviarem para o território invadido, estejam eles onde estiverem. As duas garantias foram dadas na quarta-feira pelo Presidente russo quando visitava um Centro de Aviação do Exército para treino de combate na região de Tver, na sua primeira visita oficial regional depois de ter sido eleito.
Por outro lado, o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros fazia uma declaração à agência de notícias estatal russa Ria/Novosti que apontava o dedo à Aliança Atlântica.
Mas comecemos por Vladimir Putin:
“Quanto às alegações de que estamos a planear invadir a Europa depois da Ucrânia, trata-se de um completo disparate destinado apenas a intimidar a sua população para a obrigar a pagar mais dinheiro” afirmou, citado por vários órgãos de comunicação social russas, como, por exemplo, a TASS, agência de notícias estatal.
“A ideia de que vamos atacar qualquer outro país — a Polónia, os Estados Bálticos (e os checos também estão a ser assustados) – é um total disparate”, frisou o Chefe de Estado russo num discurso aos pilotos da força aérea russa. “Não passa de uma tolice”, repetiu.
Putin enquadrou o que chamou de narrativa do Ocidente num cenário de “uma economia em queda e da deterioração do nível de vida”, assegurando: “Não se trata de propaganda”. Pelo contrário, continuou: “É o que está realmente a acontecer. Eles precisam de se justificar, por isso estão a intimidar a sua população com uma potencial ameaça russa, ao mesmo tempo que procuram expandir o seu domínio sobre o mundo inteiro”.
O Presidente argumentou ainda que “os satélites dos EUA temem uma Rússia grande e forte”, mas não têm razão para isso. “Não temos nenhuma intenção agressiva em relação a esses países”, insistiu. Daí que declarações sobre essa eventual ameaça russa não passam de “simples delírios”.
E explicou porquê com números. Em 2022, a despesa militar dos Estados Unidos, líder da NATO, foi de 811 mil milhões de dólares (cerca de 749 mil milhões de euros), enquanto a da Rússia foi de 72 mil milhões, destacou, antes da pergunta retórica: “Com essa correlação vamos lutar com a NATO? É um disparate”, disse.
Mas ao mesmo tempo, num tom mais assertivo, avisou que os caças F-16 que vão ser fornecidos à Ucrânia “serão destruídos como foram os tanques e os blindados e outro armamento onde quer que se encontrem”. Mais: “Se forem lançados de aeródromos de países terceiros, serão nossos alvos legítimos”.
Isto apesar de considerar que estes aviões de combate não vão mudar o rumo da guerra: “Se eles fornecerem F-16 — e estão a falar nesse envio e aparentemente estão a treinar pilotos —, isso não mudará a situação no campo de batalha”.
Horas antes, o Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, tinha dito que estes caças devem chegar à Ucrânia nos próximos meses.
E se Putin diz que não está a pensar atacar a NATO já o discurso do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros parece indicar que a Aliança Atlântica poderá dar o primeiro passo para um conflito com a Rússia. Isto porque considerou que a atividade da NATO na Europa Oriental e no Mar Negro tem como objetivo preparar os seus aliados para um conflito com Moscovo.
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As declarações foram feitas por fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, à Ria/Novosti a propósito dos planos da Roménia para expandir a base aérea militar que tem em Constanta.
A mesma fonte disse ainda à agência de notícias estatal que as operações da NATO nesses dois locais são provocatórias e constituem uma ameaça adicional à segurança da Rússia.