Um ataque aéreo israelita no sul de Gaza atingiu diretamente o veículo onde circulavam familiares do líder do Hamas. As vítimas mortais são três dos treze filhos de Ismail Haniyeh, que neste momento vive no Qatar, bem como quatro dos seus netos, três raparigas e um rapaz. As mortes de Hazem, Amir e Mohammad — os três filhos — foram inicialmente noticiadas pela Al Jazeera esta quarta-feira e depois confirmadas pelo próprio Haniyeh e pelo Hamas.

O ataque foi igualmente confirmado, horas depois, pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), que asseguraram que os três homens eram operacionais do grupo terrorista. Citado pelo The Times of Israel, o exército israelita afirma que Amir Haniyeh era um comandante na ala militar do Hamas, enquanto Hazem e Mohammad Haniyeh eram operacionais de baixa patente. O trio estava “a caminho de levar a cabo atividades terroristas na zona central de Gaza”, acusam as FDI. Por sua vez, o líder do Hamas defendeu que os seus filhos estavam a visitar familiares, no norte de Gaza, quando foram atingidos.

Basem Naim, porta-voz e responsável pelas relações políticas e internacionais do Hamas, disse à Al Jazeera que o primeiro-ministro israelita tem “feito o máximo para bloquear ou minar qualquer hipótese de chegar a um acordo de cessar-fogo”. Naim disse que Netanyahu está “sob pressão” dos EUA, da comunidade internacional e da sociedade israelita, pelo que recorreu a “todas as outras ferramentas sujas”.

O momento em que o líder do Hamas tomou conhecimento da morte dos seus filhos e netos num ataque aéreo israelita foi captado em vídeo e divulgado pela AL-AQSA TV. O jornal El Mundo traduziu a reação de Haniyah à notícia. “Que Deus tenha misericórdia deles”, afirmou. “Se Deus o quis…”, repetiu ainda. “Agradeço a Alá pela honra que me deu. Os meus filhos morreram como mártires no caminho da libertação de Jerusalém e Al Aqsa. O sangue deles aumentará nossa determinação e a nossa adesão à terra”, acrescentou, mais tarde, em declarações sobre o ocorrido.

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O líder do Hamas criticou o que descreveu como a brutalidade de Israel, mas sublinhou que os líderes palestinianos não recuarão se as suas famílias e casas forem alvo de ataques. “Não há dúvida de que este inimigo criminoso é movido pelo espírito de vingança e pelo espírito de assassínio e derramamento de sangue, e não respeita quaisquer normas ou leis”, disse Haniyeh, acrescentando que 60 membros da sua família foram mortos desde o início da guerra.

“Com a ajuda de Deus, chegaremos a todos”, diz ministro israelita sobre Hamas

O ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, felicitou, por seu turno, o exército israelita e Israel após a morte dos três filhos do líder do Hamas. “Nenhum dos líderes do Hamas, que ainda mantém os nossos reféns, está imune à nossa mão longa. Com a ajuda de Deus, chegaremos a todos”, afirmou numa publicação no X.

Smotrich é o líder de extrema-direita de um dos partidos pró-colonização da coligação do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu. Tem apelado repetidamente à deslocação dos palestinianos de Gaza. Ameaçou abandonar a coligação de Netanyahu se Israel chegar a um acordo com o Hamas que ele considere desfavorável.

Por outro lado, os houthis apresentaram as condolências ao líder do Hamas, defendendo que o “ataque agressivo de Israel” revela a dimensão do fracasso israelita no terreno. “Estes grandes sacrifícios, juntamente com o resto do povo de Gaza e da Cisjordânia ocupada, apenas reforçam a firmeza do povo palestiniano face a esta arrogância israelita”, disse o porta-voz do grupo, Mohammed Abdulsalam, no X, citado pela Aljazeera. “Vimos que a guerra viola tudo em Gaza. É uma guerra de limpeza étnica e genocídio. Há deslocações em massa”, afirmou ainda.