A primeira semifinal da Eurovisão, que determinou a passagem da canção de Portugal — interpretada por Iolanda — à final, começou com uma atuação de participantes de edições anteriores. Subiram ao palco a cipriota Eleni Foureira, com Fuego, a espanhola Chanel, com SloMo, e o sueco Eric Saade, com Popular, que está no centro da polémica depois de ter utilizado no pulso esquerdo um keyffiyeh (lenço que é símbolo da resistência palestiniana).
A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês), entidade organizadora do concurso, já criticou a manifestação a favor a Palestina por parte do cantor sueco, lamentando que “tenha escolhido comprometer a natureza apolítica do evento”. Em resposta ao The Times of Israel, a EBU acrescentou que o programa é transmitido em direto e que “todos os artistas são informados das regras”.
Ainda assim, o statement político de Eric Saade, de pai palestiniano, terá sido uma surpresa para a organização, uma vez que o cantor sueco não utilizou o keffiyeh nos ensaios da atuação. O artista, que não é o representante da Suécia deste ano, foi convidado para participar na abertura da primeira semifinal da Eurovisão.
De acordo com o The Times of Israel, os artistas que concorrem à Eurovisão (e aqueles que são convidados) estão proibidos de fazer declarações políticas ou de utilizar símbolos políticos e bandeiras de países que não competem no evento. Esta não foi a primeira vez que Eric Saade mostrou apoio aos palestinianos. Na semana passada, classificou como “vergonhosa” a decisão da EBU de proibir bandeiras da Palestina.
O conflito israelo-palestiniano tem vindo a marcar a edição deste ano da Eurovisão, cujo vencedor será conhecido no próximo sábado. Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à União Europeia de Radiodifusão, para que a participação de Israel no concurso fosse vetada.
Entre os vários apelos, no final de março, representantes de nove países, incluindo Portugal, assinaram uma carta na qual pediam um “cessar-fogo imediato e duradouro” na guerra na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas. Na documento, os artistas começavam por afirmar que reconhecem “o privilégio de participar na Eurovisão”, mas que não se sentem “confortáveis em ficar em silêncio” perante a “situação atual nos Territórios Palestinianos Ocupados, em particular em Gaza e em Israel”.
Na altura, a EBU recordou que o festival é um evento “apolítico”. No entanto, em 2022 foi decidida a expulsão da Rússia do concurso na sequência da invasão da Ucrânia.
Entretanto, no domingo, Iolanda apresentou-se na passadeira turquesa (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando assim o início dos espetáculos ao vivo do concurso), em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do keffiyeh.