O Governo de Luís Montenegro tem pouco mais de dois meses e esta terça-feira Durão Barroso falou sobre a situação política nacional, lembrando que “seria bom que as diferentes forças políticas mostrassem maior sentido de responsabilidade e não apenas o jogo político para causar dificuldades a um governo que obviamente não tem maioria“.

“O que me parece estranho é que um governo que esteve lá oito anos não tenha encontrado na altura soluções e agora procura encontrar soluções e queira soluções que na altura não conseguia encontrar”, referiu o antigo primeiro-ministro, em referência, por exemplo, à questão do fim das portagens nas ex-SCUTS — medida proposta pelo PS, mas que nunca avançou durante os oito anos de governo socialista. Em entrevista ao programa da Rádio Observador Direto ao Assunto, Durão Barroso sublinhou ainda que “há acordos oportunistas para dificultar a vida do primeiro-ministro e isso é lamentável”. “Acho que os portugueses são pessoas inteligentes e há ali algum oportunismo nessas posições.”

Durão Barroso: “Enviar tropas para a Ucrânia? Não se exclui nada”

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Ainda sobre política nacional, e questionado sobre a opção da AD na escolha do cabeça de lista para as próximas eleições europeias, Durão Barroso admitiu que o nome de Sebastião Bugalho “claro que surpreendeu, como surpreendeu todas as pessoas”. “É uma pessoa muito inteligente, muito rápida, que aprende muito depressa. E sobre a acusação de ser jovem, eu também fui muito jovem para a política e diria que é o defeito que passa mais depressa”, acrescentou o antigo presidente da Comissão Europeia.

Já no plano internacional, Durão Barroso falou ainda sobre o significado da assinatura do acordo bilateral entre Portugal e a Ucrânia durante a visita de Zelensky a Portugal esta terça-feira. E lembrou que, “em Portugal, o Partido Comunista tem tido sempre uma posição ambígua, para não dizer negativa, em relação ao apoio à Ucrânia”. “Os extremistas em geral querem problemas, querem criar problemas à União Europeia”, considerou.

[Já saiu o terceiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio.]

Este acordo, para o antigo primeiro-ministro, é “um apoio adicional, um reforço daquilo que está a ser feito a nível da União Europeia”. Ainda assim, Durão Barroso entende que a adesão da Ucrânia à União Europeia não deverá acontecer nos próximos tempos: “Há uma guerra em curso e não me parece viável que, no meio de uma guerra, um país se junte à União Europeia. Vamos ser realistas e temos de ser sérios nesta matéria. Sim à adesão da Ucrânia à União Europeia e isso já foi dito pelos países da União Europeia. Mas ao mesmo tempo não podemos ser irrealistas. Temos de ver quando é que a Ucrânia está em condições de aderir e quando é que nós, União Europeia, estamos em condições de receber.