O processo da Operação Maestro já tem três arguidos. Entre eles estão os empresários Manuel Serrão e António Sousa Cardoso. Ao contrário do que avançou o Correio da Manhã e confirmou, numa fase inicial, o Observador, o jornalista Júlio Magalhães não foi interrogado nem constituído arguido.

Isso mesmo garante também o advogado do jornalista, que assegurou ao Observador que o seu cliente “não foi notificado para prestar declarações nem foi constituído arguido”, no quadro da operação Maestro. As declarações de Guilherme Figueiredo surgiram em reação à notícia de que Júlio Magalhães e o empresário Manuel Serrão tinham sido chamados pela PJ esta semana.

A informação inicialmente confirmada pelo Observador indicava que os dois suspeitos não tinham ainda prestado esclarecimento sobre as suspeitas que estão sob investigação, mas que teriam sido constituídos arguidos com o objetivo, por parte das autoridades, de interromper os prazos de prescrição do processo para prosseguir com a investigação. Pelos dados recolhidos entretanto pelo Observador, apenas Manuel Serrão e mais dois suspeitos terão saído dessa diligência na qualidade de arguidos: : António Sousa Cardoso (ex-membro da Associação de Jovens Empresários) e um terceiro elemento que o Observador não conseguiu identificar.

O advogado do empresário, Nuno Cerejeira Namora, confirmou à Lusa que Manuel Serrão foi constituído arguido, na terça-feira, nas instalações da Polícia Judiciária (PJ) do Porto, acrescentando não ter havido qualquer tipo de interrogatório ou declarações prestadas por parte do seu constituinte.

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Júlio Magalhães e Manuel Serrão eram colaboradores do Observador e suspenderam esta atividade na sequência da investigação. Os dois foram alvo de buscas no dia 19 de março.

Manuel Serrão e Júlio Magalhães alvos de buscas por suspeitas de fraude de quase 39 milhões de euros em fundos europeus

A Operação Maestro investiga suspeitas de fraude na atribuição de fundos europeus, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e abuso de poder. Para além do empresário e jornalista, há também suspeitas sobre funcionários e dirigentes do Compete — Programa Operacional Temático de Competitividade e Internacionalização, incluindo o presidente Nuno Mangas.

Manuel Serrão, membro da Associação Seletiva Moda, tem sido apontado pelo Ministério Público como o principal mentor de um alegado esquema montando para obter fundos comunitários de forma fraudulenta.

[Já saiu o terceiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio.]

O caso começou a ser investigado em 2018 e envolve cerca de 20 suspeitos e o alegado desvio de 39 milhões de euros de fundos europeus destinados a apoios à indústria têxtil. O Ministério Público suspeita de que foi criado um esquema de várias empresas para a emissão de falsas faturas de despesa a reembolsar, bem como de transações simuladas para captar fundos do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização. Estas operações remontam a 2015.

Operação Maestro. Manuel Serrão suspeito de viver oito anos no Sheraton do Porto à custa de fundos europeus

Artigo corrigido às 11h43 com a informação de que o jornalista Júlio Magalhães não foi interrogado nem constituído arguido, ao contrário do que foi escrito inicialmente pelo Observador. Pelo erro, pedimos desculpa.