Reynolds Tomter, o homem de 107 anos que é provavelmente o mais velho veterano da Segunda Guerra Mundial ainda vivo, é uma das mais impressionantes presenças nas celebrações do “Dia D” em França.

Eu sou abençoado. Tenho sorte por ter a chance de ir. Nunca senti que merecia isso. Eu não fiz mais do que nenhum outro soldado”, disse Tomter em entrevista à rede de televisão norte-americana TMJ4.

Com 24 anos na altura da guerra, Tomter fazia parte dos Fuzileiros Navais Mercantes onde era o padeiro e o artilheiro reserva da embarcação, com a qual cruzou cinco vezes o Atlântico com o objetivo de levar suprimentos para o exército norte-americano.

“Munições, tanques, canhões, qualquer coisa que fosse precisa”, contou.

Os Fuzileiros Navais Mercantes dos EUA são um órgão não-governamental composta por marinheiros civis que, na maior parte do tempo, fazem o transporte de mercadorias para portos de todo o mundo. Mas, em cenários de guerra, podem ser convocados para transportar bens ao exército norte-americano.

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Por não serem considerados militares, esses fuzileiros tiveram o estatuto de veterano inicialmente negado, não recebendo nenhum dos privilégios do título. “Quando voltamos para casa, não obtivemos nenhum dos benefícios de soldado e aquilo doeu”, recordou o centenário.

Contudo, em 1988, os membros desses fuzileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial, receberam o status de veteranos e, em 2020, foram condecorados com uma Medalha de Ouro do Congresso norte-americano, reconhecendo as contribuições desta organização.

Apesar dos anos de contribuição, Reynolds Tomter não esteve presente durante a invasão à Normandia.

Entre as maiores delegações, cerca de 150 veteranos dos EUA são esperados no evento, sendo que cerca de vinte, estiveram presentes no combate do dia 6 de junho de 1944.

No desembarque em França, o grupo foi recebido com uma guarda de honra, sendo aplaudidos pelas pessoas presentes que portavam bandeiras francesas e norte-americanas, como pode ser visto em vídeos publicados na rede social X(antigo Twitter).

“Sei que meu irmão e eu nunca nos vimos como heróis, nem nada do género”, referiu o ex-combatente de 100 anos de idade Hilbert Margol a Associated Press. “Era nosso momento. Fomos chamados a servir. E o fizemos”.

“Nós fizemos nosso trabalho e voltamos para casa, só isso”, referiu o antigo membro da força aérea norte-americana Ralph Goldsticker ao The Telegraph. “Nós nunca falamos sobre isso. Eu não falei sobre isso por 70 anos”, acrescentou.

No domingo, paraquedistas saltaram de aviões da época da Segunda Guerra Mundial em direção às praias da Normandia, marcando o início daquele que é esperado ser o maior evento em comemoração ao “Dia D” na história.

Entre as presenças, são aguardados os Presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e os primeiros-ministros britânico, Rishi Sunak, e canadiano, Justin Trudeau. Devido a guerra na Ucrânia, o Presidente russo, Vladmir Putin, não foi convidado.

Para realizar a segurança, o Ministério do Interior francês anunciou que cerca de 12 mil agentes policiais franceses estarão presentes na região durante o evento.

Quase 160 mil soldados de diversos países desembarcaram na Normandia no dia 6 de junho de 1944, no que se tornaria uma das mais importantes ações dos Aliados contra o exército nazi. Mais de quatro mil foram mortos pelas tropas alemãs.