Depois de um ano praticamente incontestável de Roberto Martínez, o primeiro dissabor chegou em março. Na Eslovénia, Portugal perdeu (2-0) o segundo jogo de preparação para o Campeonato da Europa, somando a primeira derrota com o novo selecionador, que conquistou dez vitórias em dez jogos. No sábado, já durante o estágio de preparação para a competição, o segundo desaire apareceu: a Croácia deslocou-se ao Jamor para vencer por 2-1.

Se era preciso um aviso, o simulacro está feito e os alarmes estão todos a tocar (a crónica do Portugal-Croácia)

Apesar de serem jogos de preparação, os sinais de alarmes começaram a entoar nas mentes dos portugueses. Para além das exibições pouco conseguidas em termos ofensivos, a defesa também se ressentiu nesses dois jogos, algo pouco visto durante a fase de apuramento para o Europeu. A corroborar isso mesmo estava a fatídica série negativa em que a Seleção nacional se encontrava à partida para o terceiro e último jogo de preparação: dois golos sofridos em cada um dos quatro testes para a Alemanha.

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Ficha de jogo

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Portugal-Rep. Irlanda, 3-0

Jogo de preparação para o Euro 2024

Estádio Municipal de Aveiro, em Aveiro

Árbitro: Chris Kavanagh (Inglaterra)

Portugal: Diogo Costa; António Silva, Pepe (Danilo Pereira, 46′), Gonçalo Inácio; Diogo Dalot (Nélson Semedo, 46′), João Neves (Matheus Nunes, 77′), Bruno Fernandes, João Cancelo (Nuno Mendes, 46′); Rafael Leão (Rúben Neves 46′), João Félix (Diogo Jota, 46′) e Cristiano Ronaldo

Suplentes não utilizados: Rui Patrício, José Sá; Rúben Dias, João Palhinha, Gonçalo Ramos, Bernardo Silva, Vitinha, Pedro Neto e Francisco Conceição

Treinador: Roberto Martínez

Rep. Irlanda: Caoimhin Kelleher; Dara O’Shea, Jake O’Brien, Liam Scales; Seamus Coleman (Matt Doherty, 70′), Will Smallbone, Josh Cullen, Robbie Brady (Tom Cannon, 53′); Troy Parrott (Mikey Johnston, 53′), Sammie Szmodics (Jason Knight, 70′) e Adam Idah (Callum O’Dowda, 53′)

Suplentes não utilizados: Max O’Leary, Mark Travers, Dave Harrington; Enda Stevens, Shane Duffy, Michael Obafemi, Mark Sykes, Jamie McGrath e Finn Azaz

Treinador: John O’Shea

Golos: João Félix (19′) e Cristiano Ronaldo (50′ e 60′)

Ação disciplinar: nada a registar

“Olhar para trás é muito fácil no futebol. O importante é ter intensidade defensiva, ter calma, para ter bons gestos técnicos. Agora é importante olhar para trás e ver os golos sofridos com a Finlândia, precisamos de melhorar. Consentimos dois remates e sofremos dois golos. Temos de melhorar e isso faz parte do processo. Todos os golos são diferentes. Também precisamos de ter um foco defensivo”, alertou o selecionador nacional na antecâmara do jogo desta terça-feira.

Perante isso, Roberto Martínez voltou a fazer alterações na defesa e reafirmou a aposta na tática com três centrais, com o regressado Pepe a juntar-se a António Silva e Gonçalo Inácio. Quem também regressou ao onze foi Cristiano Ronaldo, que só se juntou grupo apenas no final da última semana, a par do suplente Rúben Neves. O avançado partilhou o ataque com Rafael Leão e João Félix, ao passo que João Neves e Bruno Fernandes voltaram a jogar lado a lado.

Os primeiros minutos do desafio foram pautados pela indefinição, com a Seleção portuguesa a tentar assumir o controlo das operações e os irlandeses determinados a surpreender através de transições rápidas. A primeira ocasião de perigo apareceu aos oito minuto, com João Cancelo – que surgiu várias vezes como um terceiro médio, oferecendo o corredor a Leão – a cruzar para Ronaldo, mas o guarda-redes Kelleher foi mais rápido e impediu que o madeirense chegasse à bola. Pouco depois foi a vez de Bruno Fernandes tentar servir o capitão, mas O’Brien antecipou-se e cortou o perigo.

Com o domínio territorial, Portugal continuou a colecionar oportunidades de golo e a pressionar a Rep. Irlanda. Numa jogada pela direita, Dalot apareceu na área a servir João Félix, mas o guarda-redes irlandês impediu o golo com uma fantástica defesa com o pé. No entanto, no canto, o avançado aproveitou a passividade defensiva do adversário para inaugurar o marcador. Pouco depois, Ronaldo tentou de livre e acertou em cheio no poste esquerdo (22′), antes de Bruno Fernandes voltar a criar perigo com um remate à entrada da área (29′).

O golo de Félix teve o condão de desmontar a postura defensiva da equipa de John O’Shea que, paulatinamente, aproximou-se da baliza de Diogo Costa, pondo à vista as fragilidades do setor mais recuado português. Depois de Gonçalo Inácio e João Neves terem falhado em zona perigosa, embora a Rep. Irlanda não tenha aproveitado, foi a vez de Idah criar perigo em duas ocasiões, que tiveram o mesmo desfecho (36′). Na resposta, Leão recebeu na direita e, numa jogada ao seu estilo, rematou forte e colocado por cima (41′). A fechar a primeira parte, Inácio (45+2′) e Ronaldo (45+3′) voltaram a não ser bem sucedidos.

Na etapa complementar, Roberto Martínez fez cinco alterações ao intervalo, com destaque para a saída de Pepe, presumivelmente com problemas físicos, e a entrada de Rúben Neves, que jogou pela primeira vez neste estágio. Ainda assim, o estilo ofensivo manteve-se e a Seleção continuou a dominar e mais perto do golo. Logo a abrir, o médio do Al Hilal colocou a bola no avançado do Al Nassr que, depois de receber e driblar, desferiu um grande remate ao ângulo superior direito e aumentou a vantagem.

A Seleção portuguesa continuou por cima e nem as alterações quebraram o ritmo do jogo. O terceiro golo parecia inevitável e ganhou forma com novo carimbo do capitão, a passe de Diogo Jota (60′). Com a partida resolvida, os jogadores deixaram de arriscar e, inevitavelmente, o ritmo baixou. Contudo, Ronaldo estava determinado em chegar ao hat-trick, mas não teve sucesso (74′), assim como Bruno Fernandes (76′). Até ao apito final, o marcador manteve-se sem alterações e Portugal fechou da melhor forma a caminhada de preparação rumo ao Europeu.