O INE confirmou a taxa de inflação de 3,1% em maio, uma aceleração que já tinha antecipado nos dados preliminares. Agora que apresenta dados mais desagregados verifica-se que houve mesmo um efeito Taylor Swift na evolução dos preços, em particular devido à subida registada no grupo da hotelaria.

Em abril a taxa de inflação tinha, em termos homólogos, ficado 0,9 pontos abaixo à que foi registada em maio. Além da energia, a categoria dos restaurantes e hotéis justificaram essa subida. Em termos homólogos esta categoria teve uma variação de 5,9%, superada pelos 7,8% na energia (que ainda assim foi menor relativamente a abril). Já nos restaurantes e hotéis a variação homóloga em abril tinha-se situado nos 4,3%.

Os bens alimentares e bebidas não alcoólicas na variação homóloga em abril subiram 3,4%, uma aceleração grande face aos 0,3% do mês anteriores, mas aqui contribuiu, tal como o INE já tinha indicado, ao efeito do IVA zero que entrou em pleno há um ano e que terminou no final de 2023. Ou seja, se em maio de 2023 contribuiu para fazer baixar em termos homólogos a evolução de preços nesta categoria, já este ano fica prejudicada a comparação homóloga.

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Na análise à variação mensal da inflação, que evoluiu 0,2%, o INE indica que, “entre as contribuições positivas relevantes, realça-se essencialmente a do sub-subgrupo dos Hotéis, motéis, pousadas e serviços de alojamento similares, que apresentou uma variação mensal de 21,9% em consequência do aumento de procura registado em Lisboa devido a um evento cultural de dimensão relevante”. Ou seja, devido aos dois concertos realizados por Taylor Swift. 

“Deixei o meu coração em Lisboa”, diz Taylor Swift depois dos concertos em Portugal

Há produtos que não mudaram de IVA e que estão a disparar

O INE volta a afirmar que a subida do preço dos produtos alimentares tem por base a comparação com um mês (do ano passado) em que um cabaz de artigos passaram a não ter IVA, o que fez baixar os preços nessa altura. Agora, o efeito é, por isso, contrário. O INE realça que “0,7 pontos percentuais da aceleração registada em maio de 2024 provém do contributo da classe dos Bens alimentares e bebidas não alcoólicas”.

O INE salienta ainda que em maio de 2024 registou-se um aumento de 0,2% no nível absoluto de preços (redução de 0,7% em maio do ano anterior), o que na conjugação destas variações resultou no aumento da taxa de variação homóloga do IPC para 3,1% (2,2% em abril).

“O nível médio dos preços tem-se mantido superior ao de 2021, registando-se, em maio de 2024, um nível médio de preços superior em 15,8% ao de 2021. Para que o nível de preços regressasse a valores comparáveis aos de 2021, teria de se verificar um período com taxas de variação homóloga negativas”.

Mas há casos de produtos alimentares cuja taxa de inflação está acima de há um ano, mesmo sem o efeito do IVA Zero. Por exemplo, o café, chá e cacau tem o índice 2,5% acima de há um ano, o que se deve à subida das matérias-primas, tal como o açúcar, confeitaria, mel e outros produtos à base de açúcar que, não tendo mexido o IVA, registou uma subida em maio de 2024, face há um ano, de 4,77%. Os óleos e gorduras são os que mais estão a subir (16,8%), mas neste caso houve isenção de IVA e quando o imposto voltou a ser aplicado passou a ser de 13% (e não de 6% como em muitos dos outros produtos).