A esperança da Escócia encheu e esvaziou em poucos dias. Na quarta-feira, os escoceses empataram com a Suíça e conquistaram parcas chances de seguir para os oitavos de final do Euro 2024. Este domingo, com um golo sofrido bem dentro dos descontos, os escoceses perderam com a Hungria e garantiram o último lugar do Grupo A e a consequente eliminação.

A derrota terminou com o sonho da Escócia, que conseguiu qualificar-se para os últimos dois Europeus depois de uma ausência de 24 anos, e nem a presença de jogadores como Andy Robertson, Billy Gilmour ou Kieran Tierney ajudou a evitar a eliminação precoce. No final do jogo, em Estugarda, o selecionador escocês não escondeu a desilusão e deixou claro que já tinha escolhido um alvo para onde direcionar a frustração: a equipa de arbitragem.

Estugarda teve encanto na hora da despedida e os mágicos continuam a enfeitiçar um Exército obcecado (a crónica do Escócia-Hungria)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na zona de entrevistas rápidas, Steve Clarke defendeu que ficou por marcar uma grande penalidade a favor da Escócia, a cerca de 10 minutos do apito final e numa altura em que o resultado estava ainda igualado a zeros, referindo-se a um lance entre Willi Orbán e Stuart Armstrong na área da Hungria. Em declarações fortes, o treinador de 60 anos criticou a atuação do árbitro e mostrou-se contra o facto de este ser argentino, argumentando que todos os árbitros do Campeonato da Europa deveriam ser europeus.

“É penálti. Não consigo entender como é que não foi assinalado”, começou por dizer Steve Clarke, que foi depois questionado sobre se confrontou o árbitro no final da partida. “Ele é da Argentina, como é que poderia perguntar? Nem deve falar inglês, não sei. Por que é que ele está aqui? Por que é que não foi um árbitro europeu?”, atirou o selecionador sobre o árbitro Facundo Tello, que aos 42 anos é internacional desde 2019 e já tinha estado no Mundial do Qatar.

“Foi penálti, a 100%. Alguém, em algum lado, tem de me explicar como é que não foi assinalado. Foi um jogo com um golo, se fosse penálti ali poderíamos ter tido uma noite diferente. Tenho outras palavras, mas não vou usá-las. É uma competição europeia, talvez fosse melhor ter um árbitro europeu. Mas o VAR era europeu [espanhol]. Talvez o árbitro não tenha visto bem o lance em campo, mas se assim foi, qual é o propósito do VAR? Foi penálti”, sublinhou o treinador, que orienta a Escócia desde 2019 depois de ter passado por West Bromwich Albion, Reading e Kilmarnock.

Facundo Tello é o único árbitro não europeu no Euro 2024 e a presença do argentino, tal como tem acontecido em todas as fases finais dos últimos Campeonatos da Europa, justifica-se com um acordo de cooperação assinado entre a UEFA e o CONMEBOL que prevê o intercâmbio de árbitros durante as competições. Atualmente, na Copa América, é o italiano Maurizio Mariani quem está a cumprir este papel, tendo arbitrado o Estados Unidos-Bolívia deste domingo.