O secretário do Conselho de Segurança arménio, Armen Grigoryan, acusou nesta quarta-feira a Rússia de retirar o território do Nagorno-Karabakh à Arménia para o devolver ao Azerbaijão.
A Rússia veio, tomou Nagorno-Karabakh, que estava nas nossas mãos, devolveu-o ao Azerbaijão e depois foi-se embora. É essa a realidade”, disse Grigoryan, citado pelo jornal digital arménio News.am.
Grigoryan referia-se ao estacionamento de forças de manutenção da paz russas em Nagorno-Karabakh após a guerra entre a Arménia e o Azerbaijão, em 2020, e à sua retirada em abril passado, depois da dissolução da autoproclamada república de Artsakh.
Rússia retira forças de paz de Nagorno-Karabakh e deixa controlo total ao Azerbaijão
“Afirmo que a Rússia tomou conta do Nagorno-Karabakh”, disse o secretário do Conselho de Segurança da Arménia, citado pela agência espanhola EFE.
Segundo Grigoryan, a guerra de 2020, que selou o destino do enclave arménio em território azerbaijanês, não teria ocorrido “sem a autorização da Rússia”.
Grigoryan acusou também Moscovo de renegar os contratos de fornecimento de armas à Arménia. “Eles [russos] queixam-se de que a Arménia compra armamento a outros países e não cumprem os contratos assinados em 2021 e 2022”, afirmou.
As relações entre Erevan e Moscovo encontram-se num dos piores momentos desde a dissolução da União Soviética, em dezembro de 1991.
Em fevereiro deste ano, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinjan, congelou a participação do país na Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês).
A CSTO é uma aliança militar pós-soviética liderada pela Rússia, que inclui também a Bielorrússia, o Cazaquistão, o Quirguizistão e o Tajiquistão.
No final de maio, Pashinjan alegou que dois países da CSTO, que não nomeou, estavam envolvidos nos preparativos do Azerbaijão para a guerra de 2020 no Nagorno-Karabakh.
Há duas semanas, o primeiro-ministro garantiu que a Arménia irá abandonar a CSTO, embora sem especificar a data.
Pashinian, que acusa a CSTO de inação face à agressão do Azerbaijão, disse que o processo de saída da organização poderá estar concluído dentro de um mês ou “de um ou três anos”.