A primeira-dama norte-americana interveio na sexta-feira a favor do marido e presidente norte-americano, Joe Biden, num evento de angariação de fundos em Greenwich Village, Nova Iorque , um dia depois do debate entre o presidente e Trump, do qual surgiram várias críticas à sua performance. Para Jill Biden, o marido “pode não ser jovem” mas “sabe dizer a verdade”.

O discurso de Jill  ficou marcado pelo comentário da prestação de Joe Biden no primeiro frente-a-frente eleitoral com Donald Trump na sexta-feira à noite no canal de notícias americano CNN, que — para a maioria dos democratas — não lhe foi muito favorável e possivelmente destrutivo a nível político. Segundo avançou o  The Washington Post, logo no início da intervenção, a primeira-dama falou sobre o elefante na sala: “Vamos falar sobre o debate de ontem à noite, porque sei que estão a pensar nisso”, afirmou.

Perante estas palavras, a sala ficou em silêncio. Poucos momentos depois, Jill retomou a intervenção: “Como o Joe disse hoje cedo, ele não é um homem jovem. Depois do debate de ontem à noite, ele disse: ‘Sabes, Jill, não sei o que aconteceu. Não me senti muito bem'”. Até ao momento, ainda ninguém tinha revelado tão detalhadamente a reflexão de Biden sobre a própria atuação no debate de quinta-feira à noite, em que, durante 90 longos minutos para os democratas, o candidato gaguejou, adotou uma postura mais “apagada” e perdeu a linha de pensamento, de acordo com o jornal norte-americano.

Mas para a mulher de Biden não houve indicadores que justificassem entrar em pânico e aproveitou para reafirmar a sua confiança no trabalho desenvolvido pelo executivo até então: “Eu disse: ‘Olha, Joe, não vamos deixar que 90 minutos definam os quatro anos em que foste presidente‘”. Neste momento, a sala enalteceu com aplausos, ao que a primeira-dama finalizou: “O que o meu marido sabe fazer é dizer a verdade. Quando é derrubado, Joe levanta-se e é isso que estamos a fazer hoje”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta foi claramente uma resposta às duras críticas que dominaram a campanha democrata desde quinta-feira: Joe Biden ainda é, e continuará a ser, o melhor candidato ao cargo presidencial para a esposa, mesmo com as suas restrições.

Porém, as dúvidas permaneceram na sociedade americana com várias personalidades a chegarem a exigir a renúncia da candidatura. Segundo o The Washington Post, Joe Scarborough, apresentador do canal de notícias americano MSNBC e democrata, apelou à desistência de Biden ao cargo presidencial. Também Thomas Friedman, colunista do The New York Times e alegado amigo pessoal do presidente, seguiu o exemplo do apresentador e pediu o seu afastamento da campanha.

Face às críticas, alguns apoiantes do atual presidente saíram em sua defesa, como foi o caso do ex-presidente Barack Obama, que desculpou o resultado do democrata, escrevendo numa publicação na rede social X (antigo Twitter): “As más noites de debate acontecem”.

Também a primeira-dama, logo após o debate, defendeu com otimismo o marido: “Joe, fizeste um excelente trabalho! Respondeste a todas as perguntas! Conhecias todos os factos!”

Já na sexta-feira à noite, o cenário mudou com Biden a admitir falhas e lapsos no frente-a-frente num evento de campanha em Raleigh, na Carolina Norte: “Já não ando tão facilmente como dantes. Não falo tão suavemente como dantes. Não debato tão bem como dantes“. No entanto, com todos estes entraves, o atual presidente afirmou ainda saber como fazer “este trabalho”.

Ainda no primeiro discurso a solo de Jill, os participantes, também não transpareciam estar alarmados com o presidente.”Estamos apaixonados pelo seu marido”, disse Adriana Trigiani, a anfitriã da angariação de fundos, durante a intervenção da primeira-dama, de acordo com jornal norte-americano.