O Eixo Atlântico demarcou-se esta terça-feira da declaração conjunta da Junta da Galiza e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) sobre o comboio de alta velocidade, qualificando-o como um “ato propagandístico”.

O Eixo Atlântico recusou o convite para aderir ao manifesto promovido pela Junta da Galiza ‘Ligação Galiza-Portugal de alta velocidade: uma prioridade evidente’, que qualifica de ato propagandístico e do qual se demarca totalmente“, pode ler-se num comunicado enviado esta terça-feira.

Esta terça-feira, na antiga alfândega de Valença (distrito de Viana do Castelo), junto à Ponte Internacional rodoferroviária sobre o rio Minho, a Junta da Galiza e a CCDR-N assinaram uma declaração conjunta em defesa de um compromisso blindado para ter o comboio de alta velocidade Porto — Vigo em 2032, sem “nenhuma desculpa” para atrasos dos governos centrais.

Para o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organização transfronteiriça que reúne 42 municípios do Norte de Portugal e da Galiza, “a ligação ferroviária entre a Galiza e Lisboa está plenamente garantida, uma vez que o Governo de Portugal está a cumprir todos os trâmites no calendário previsto“.

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Já do lado espanhol, refere o Eixo Atlântico, “o governo desbloqueou a saída Sul de Vigo encontrando-se o primeiro troço, Vigo  — O Porriño, em fase de elaboração do estudo informativo prévio e, atualmente, o Governo também está a avançar nos trâmites do estudo informativo prévio do troço O Porriño  — Fronteira portuguesa”.

O Eixo Atlântico espera que os procedimentos da nova ponte sobre o Minho saiam decididos da Cimeira Ibérica prevista para o outono. Portanto, consideramos desnecessário tanto o manifesto como o que o secretário-geral [Xoán Mao] define [como] ‘sarau propagandístico’ sem nenhum efeito prático e, sobretudo, sem nenhuma necessidade”, considera a organização.

Para o Eixo, se a junta quer realmente apostar na ligação de alta velocidade, “o que deve fazer é convocar a todos os atores sociais, económicos e institucionais para uma reunião prévia para chegar a um consenso sobre a estratégia, o conteúdo do comunicado e as decisões, em vez de os convidar a aderir a um manifesto insubstancial“.

Segundo a organização, a assinatura desta terça-feira configurou “um ato de maior glória do presidente da Junta [Alfonso Rueda] em que as instituições e a sociedade civil se reservam ao mero papel de aplaudidores”.

A única finalidade deste ato é posicionar-se para reivindicar como seu um êxito e resultados já garantidos e que são património de todos os coletivos (entre os quais não se encontrava a Junta), que, durante anos, defendemos”, considera a instituição com sedes na Maia (distrito do Porto) e em Vigo (Galiza).

O Eixo Atlântico aponta ainda que a Junta da Galiza “nunca apoiou a proposta desta ligação ferroviária que o Eixo Atlântico propôs ao Governo de Portugal há seis anos”, e que “é surpreendente que este manifesto tenha surgido depois da alteração do Governo de Portugal e não quando António Costa [ex-primeiro-ministro] promoveu e concretizou esta ligação ferroviária”.

“Este manifesto e este ato procuram desviar a atenção e mascarar a inação da junta nessas infraestruturas da sua competência e nas quais nada fez na última década“, acusa o Eixo Atlântico.

O secretário-geral do Eixo, Xoán Mao, manifestou ainda “o seu reconhecimento ao governo português de Costa, que promoveu definitivamente esta ligação, e ao atual de [Luís] Montenegro por assumir o compromisso do governo anterior e continuar a promover a linha”, bem como o reconhecimento ao governo espanhol “por ter desbloqueado a saída sul de Vigo”, crucial para o desenvolvimento da linha de alta velocidade.

A ligação do Porto a Vigo, na Galiza, que está a ser desenvolvida paralelamente à linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa, contempla estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).