António Pacheco morreu esta sexta-feira, em Lisboa, após vários anos a lutar com a doença. Uma vida que se dividiu entre o jornalismo, a rádio e a cooperação com os países africanos de expressão portuguesa. Colaborou diversas vezes com a Rádio Observador como especialista em assuntos africanos. Era um profundo conhecedor de política e História de África.
Nasceu em Moçambique, em 1946 e trabalhou vários anos na Rádio Renascença, onde fez parte da direção de Informação na década de 90 do século passado. Foi o criador e principal impulsionador do programa “Renascença em África” (1997-2003), que durante cinco anos foi transmitido nos países lusófonos. Em Angola, por pressão do regime, a rádio Ecclesia teve de suspender a transmissão do programa, que debatia e dava voz aos protagonistas, causando muitas vezes desconforto junto do poder vigente.
Licenciado em Direito, o jornalismo, a rádio e a cooperação eram as grandes paixões de António Pacheco, que dedicava muito do seu tempo a ensinar técnicas jornalísticas e radiofónicas a jovens e profissionais em vários países, como na Guiné-Bissau.
António Pacheco manteve ainda uma relação muito próxima com Maria Barroso e com a Fundação que a mulher de Mário Soares criou, a Pro-Dignitate. Uma ONG que teve um papel importante no processo de paz em países como Angola e Moçambique. Em colaboração com missionários católicos, António Pacheco conseguiu junto do Presidente moçambicano de então Joaquim Chissano e do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, a criação de um corredor humanitário na zona de Ressano Garcia, em plena guerra civil. É apenas um exemplo da ação de António Pacheco, que sentia uma enorme preocupação com o futuro dos povos africanos. Nos últimos tempos, estava dedicado ao chamado jornalismo pela paz.
O velório do jornalista realiza-se este sábado pelas 9h30 no cemitério de Alcabideche, Cascais. Será celebrada missa às 13h3o a que se seguirá o funeral às 14h.