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Os dois sorridentes, os dois de polegar para cima. Viktor Orbán e Donald Trump conversaram na quinta-feira na mansão do ex-Presidente dos Estados Unidos em Mar-a-Lago, em Miami, precisamente no último dia da cimeira da NATO em Washington que reforçou de forma inequívoca o apoio à Ucrânia. De que falaram? “Discutimos formas de fazer a paz”, disse o primeiro-ministro húngaro nas suas redes sociais como a X, numa publicação a que chamou “missão de paz 5.0”. E acrescentou o que chamou de “a boa notícia do dia: ele vai resolver [a questão]!”

Foi assim que o líder húngaro, que assume a presidência rotativa da União Europeia deu conta do seu encontro com o antigo Presidente dos Estados Unidos e candidato republicano às eleições para a Casa Branca de novembro, depois de ter participado na cimeira da Aliança Atlântica. Nem mais uma palavra, nem mais uma explicação.

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Donald Trump seguiu o mesmo padrão. Limitou-se a replicar  na sua rede social Truth a mensagem e foto de Orbán agradecendo a iniciativa do líder húngaro. “Obrigada Viktor. Tem de haver PAZ e rapidamente. Morreram demasiadas pessoas numa guerra que nunca deveria começado”, escreveu.

O  porta-voz de Orbán, citado pela Reuters, pouco adiantou. Disse que tinham discutido “possibilidades de paz”, e que o encontro tinha sido a “próxima paragem na sua missão de paz”.

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Assim que assumiu a presidência rotativa da UE, o chefe do governo húngaro iniciou uma série de viagens, “porque a paz não se consegue sentado confortavelmente numa poltrona em Bruxelas”, naquilo a que chamou a sua “missão de paz” e que foi divulgando no X à medida que vão acontecendo. Chamou “missão de paz 1.0” ao encontro com o Presidente da Ucrânia em Kiev; 2.0 à reunião com o Presidente russo em Moscovo; 3.0 à conversa com o Presidente chinês em Pequim e 4.0 à cimeira da NATO em Washington, (onde falou com o Presidente turco, a quem elogiou a mediação entre Kiev e Moscovo) e 5.0 com Trump, na Flórida.

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Uma iniciativa que tem exasperado a cúpula da União Europeia (e a Casa Branca) que insiste em dizer que Orbán não tem mandato para negociar a paz em nome do bloco europeu. O líder nacionalista húngaro, que parafraseou o famoso slogan de Trump “Let’s make America great again” para a Europa “Let’s make Europe great again”, admitiu não ter essa competência, mas explicou que está a ouvir as várias partes, para saber até onde cada um pode ir, com vista ao fim da guerra.

Mas Orbán não teve palco na cimeira de Washington: pouco falou à imprensa e foi criticado por vários líderes europeus, como o Presidente francês, que criticaram a viagem a Moscovo na semana passada,

“É a sua escolha, fê-la de livre vontade, mas ao fazer estas visitas, não nos comprometeu de forma alguma, porque não nos informou previamente de nada e não recebeu qualquer mandato“, repetiu Emmanuel Macron aos jornalistas no final da cimeira da NATO.

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Já o Presidente finlandês, Alexander Stubb, tinha dito no dia anterior, também na cimeira, não ver “qualquer utilidade em ir falar com regimes autoritários“, e o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o primeiro a protestar assim que se soube que Orbán ia ao Kremlin, acrescentou que “não concordava de todo” com a iniciativa.