O Presidente norte-americano Joe Biden anunciou este domingo que vai desistir da candidatura à Casa Branca, numa carta divulgada na rede social X, a quatro meses das eleições. Pouco depois do anuncio, avançou que apoia Kamala Harris para candidata democrata.

“Tem sido a maior honra da minha vida servir-vos enquanto Presidente. E apesar de ter sido a minha intenção procurar reeleição, eu acredito que é do interesse do meu partido e do país que eu desista e me concentre exclusivamente no cumprimento das minhas funções de Presidente até ao final do meu mandato”, pode ler-se na nota.

O líder norte-americano relembra ainda os progressos feitos ao longo destes últimos três anos e meio, começando por dar destaque à economia dos EUA, “a mais forte do mundo”.

“Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa Nação, na redução dos custos dos medicamentos sujeitos a receita médica para os idosos e na expansão de cuidados de saúde acessíveis a um número recorde de americanos. Prestámos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovámos a primeira lei de segurança das armas em 30 anos. Nomeámos a primeira mulher afro-americana para o Supremo Tribunal. E aprovámos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve tão bem posicionada para liderar como hoje”.

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“Eu sei que nada disto podia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superámos uma pandemia que só se verificou uma vez num século e a pior crise económica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservámos a nossa democracia. E revitalizámos e reforçámos as nossas alianças à volta do mundo”.

Também no X, avançou que apoia Kamala Harris para candidata democrata à corrida à Casa Branca: “A minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”.

Joe Biden vai falar à nação ainda esta semana sobre a sua decisão de se retirar da corrida.

Esta sexta-feira, o diretor da campanha de Joe Biden garantiu que o Presidente ia regressar à campanha na próxima semana, depois de debelar a infeção pelo novo coronavírus. Pouco depois, porém, a NBC veio noticiar que a família de Biden já estava a discutir um plano de desistência “digno”.

Biden está a fazer “exame de consciência”. Obama, Pelosi e outros democratas influentes pressionam Biden a retirar recandidatura

O The New York Times era outro dos jornais a dar conta da existência de sinais que podem indicar que Biden estava a planear afastar-se. O jornal escreveu que várias pessoas próximas a Joe Biden acreditavam que o Presidente dos EUA “começou a aceitar a ideia” de que pode não conseguir vencer nas eleições de novembro e que “pode ter de desistir da corrida”. Uma das fontes indicou que Biden ainda não tinha tomado uma decisão, mas outra adiantava que a “realidade está a assentar” e que não seria uma surpresa que Biden anunciasse em breve que apoia Kamala Harris para o substituir.

O QUE DIZ A CARTA

Meus compatriotas americanos,

Ao longo dos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos enquanto nação.

Hoje, os Estados Unidos da América têm a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa Nação, na redução dos custos dos medicamentos sujeitos a receita médica para os idosos e na expansão de cuidados de saúde acessíveis a um número recorde de americanos. Prestámos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovámos a primeira lei de segurança das armas em 30 anos. Nomeámos a primeira mulher afro-americana para o Supremo Tribunal. E aprovámos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve tão bem posicionada para liderar como hoje.

Eu sei que nada disto podia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superámos uma pandemia que só se verificou uma vez num século e a pior crise económica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservámos a nossa democracia. E revitalizámos e reforçámos as nossas alianças à volta do mundo.

Tem sido a maior honra da minha vida servir-vos enquanto Presidente. E enquanto tem sido a minha intenção procurar reeleição, eu acredito que é do interesse do meu partido e do país que eu desista e me concentre exclusivamente no cumprimento das minhas funções de Presidente até ao final do meu mandato.

Vou falar à nação esta semana em detalhe sobre a minha decisão. 

Por agora, deixem-me expressar a minha profunda gratidão por todos aqueles que trabalharam arduamente para me ver ser reeleito. Quero agradecer à vice-Presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinários em todo este trabalho. E deixei me expressar a mais sincera apreciação ao povo americano pela fé e confiança que depositaram em mim.

Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não consiga fazer — quando o fazemos juntos. Só temos de nos lembrar que somos os Estados Unidos da América.