O SU7 é a proposta da Xiaomi para rivalizar com as até então melhores berlinas eléctricas do mercado com cerca de cinco metros de comprimento, nomeadamente o Tesla Model S e o Porsche Taycan. O construtor chinês começou por propor as versões Standard — um motor com 299 cv (instalado no eixo dianteiro), uma bateria com 73 kWh (capacidade bruta) e 700 km de autonomia — e o SU7 Pro, que substitui a bateria por outra de maior capacidade (94,3 kWh total), a anunciar 830 km entre carregamentos. Ambos os valores de autonomia parecem muito optimistas, bastando lembrar que a BYD, com uma experiência muito superior na produção de automóveis e no domínio da tecnologia eléctrica, monta no Seal Design um motor com 313 cv e uma bateria com 82,5 kWh brutos, anunciando apenas 570 km.
A versão mais possante do SU7 é a Max, entre três já disponíveis, que recorre a dois motores que totalizam 673 cv (299 cv à frente e 374 cv atrás) e a uma bateria com uma capacidade de 101 kWh (total). Este cocktail permite ao SU7 Max anunciar 265 km/h de velocidade máxima e a capacidade de ir de 0-100 km/h em 2,8 segundos, prometendo ainda uma autonomia de 800 km. Mais uma vez, alguns valores avançados por este este construtor chinês parecem demasiado optimistas, quando comparados com as versões do Taycan e do Model S com o mesmo nível de potência e capacidade de bateria, com o Taycan 4S (598 cv e 105 kWh brutos de bateria) a reivindicar 250 km/h, 3,7 segundos de 0-100 km/h e 646 km, para a versão Taycan Turbo (884 cv e 105 kWh) anunciar 260 km/h, 2,7 segundos de 0-100 km/h e 634 km de autonomia. Pelo seu lado, o Model S Long Range (670 cv, 100 kWh de bateria e 634 km), a versão equiparável da Tesla, avança com 250 km/h, 3,2 segundos de 0-100 km/h e 634 km entre recargas.
Mas se esta é a realidade do Xiaomi SU7, importa analisar o futuro, uma vez que o fabricante chinês revelou um protótipo do seu único modelo, que denominou SU7 Ultra Prototype. A receptividade granjeada pelo modelo, de características vincadamente desportivas e com potência de sobra, foi tão vigorosa, de acordo com o construtor, que o protótipo foi rapidamente promovido a futuro modelo de produção em série, destinado a competir com as melhores berlinas desportivas do mercado com esta bitola, com mais de 1000 cv, mais uma vez o Model S e o Taycan.
O SU7 Ultra substitui os dois motores eléctricos montados no Max por três, sendo dois da versão mais potente atrás e um dos menos possantes. Sucede que, para aumentar a confusão ou para deliciar os saudosos dos motores de combustão, a Xiaomi denomina os primeiros V8, por possuírem 578 cv e os segundos, os V6, 299 cv. Tudo junto, o SU7 Ultra propõe 1548 cv, o que o coloca bem acima dos seus rivais e por mais de 500 cv, sendo que o peso é similar, a rondar as 2,2 toneladas. À maior potência, o protótipo do Ultra alia uma série de apêndices aerodinâmicos, não sendo evidente se todos se vão transferir para a versão de estrada que a Xiaomi anuncia pretender produzir já em 2025.
Para provar o valor da sua tecnologia, a Xiaomi adoptou a estratégia tradicional, que começa por registar um tempo “canhão” no circuito de Nürburgring, na Alemanha, onde a marca chinesa pretende bater todos os recordes, de modelos eléctricos a outros alimentados com motores de combustão. O SU7 Ultra Prototype anuncia 1,97 segundos de 0-100 km/h e 350 km/h de velocidade máxima, contra o Porsche Taycan Turbo GT com o kit Weissach, que reivindica 305 km/h, 0-100 km/h em 2,2 segundos e 556 km de autonomia, e o Tesla Model S Plaid de série, com 322 km/h, 0-100 km/h em 2,1 segundos e 600 km entre carregamentos.
Independentemente do potencial que a Xiaomi consiga extrair da versão de série do SU7 Ultra, dificilmente irá conseguir manter os preços baixos que pratica nas versões Standard, Pro e Max, propostos por respectivamente 213.900 yuan (29.600€,) 245.900 yuan (33.800€) e 299.900 yuan (41.200€), na China e com os incentivos do Governo local.