A Turquia juntou-se esta quarta-feira ao caso da África do Sul contra Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) por alegadas violações da Convenção sobre Genocídio de 1948 cometidas na Faixa de Gaza.

Segundo a televisão pública TRT, uma delegação de parlamentares turcos acompanhada pelo embaixador da Turquia nos Países Baixos deslocou-se para o efeito a Haia, sede do TIJ, o principal órgão judicial da ONU.

Esta “declaração de intervenção” baseia-se no artigo 63.º do Estatuto do TIJ, lembrou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, Öncü Keçeli, sobre o direito internacional contido na convenção.

“O caso perante o TIJ é extremamente importante para garantir que os crimes cometidos por Israel não ficarão impunes”, insistiu.

A África do Sul apresentou o processo no final de 2023 perante o TIJ, alegando que a ofensiva israelita na Faixa de Gaza viola a convenção da ONU sobre Genocídio de 1948, uma acusação fortemente negada por Israel.

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As operações israelitas no território palestiniano deixaram quase 40 mil mortos em dez meses, segundo uma contagem do Hamas, que controla o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

A ofensiva israelita surgiu como retaliação ao ataque perpetrado contra Israel por comandos do movimento islamita palestiniano Hamas, a 7 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos, a maioria civis, e cerca de duas centenas de reféns.

Desde então, ao processo iniciado pela África do Sul juntaram-se Colômbia, Líbia, Espanha e México e também a Palestina, com o estatuto de observador no TIJ.

Esta decisão da Turquia surge num contexto de tensões acrescidas na região do Médio Oriente, após a morte em Teerão do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, atribuída a Israel, que se mantém em silêncio sobre uma eventual ligação ao ataque.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, denunciou na segunda-feira o apoio “incondicional” de que Israel goza junto de alguns atores da cena internacional, o que “mina os fundamentos do direito internacional”.

Numa decisão tomada a 26 de janeiro deste ano, o TIJ ordenou que Israel fizesse todo o possível para evitar atos de genocídio durante as suas operações militares em Gaza.

Em junho, o TIJ também ordenou a Israel que garanta o “acesso irrestrito” aos investigadores mandatados pela ONU para examinar alegações de genocídio.

Entretanto, Pretória também pediu ao TIJ que ordene a Israel que pare a incursão em Rafah, sul da Faixa de Gaza e junto à fronteira com o Egito, argumentando que “o genocídio atingiu um nível horrível”.

Além disso, o TIJ decidiu no mês passado que a ocupação dos territórios palestinianos por Israel desde 1967 era “ilegal” e que deveria terminar “o mais rapidamente possível”.

As ordens do TIJ, que decide disputas entre Estados, são juridicamente vinculativas, mas o tribunal não dispõe de meios concretos para aplicá-las, razão, entre outras, pela qual Israel não tem cumprido qualquer decisão do tribunal da ONU.