O secretário-geral das Nações Unidas alertou esta sexta-feira que é impossível realizar uma campanha de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza sem um cessar-fogo, instando as partes envolvidas na guerra a aceitaram pausas humanitárias.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, anunciou esta sexta-feira o primeiro caso confirmado de poliomielite no enclave, de um “bebé de dez meses que não foi vacinado” em Deir al-Balah.

O poliovírus foi detetado em julho em amostras de águas residuais recolhidas no final de junho em Khan Yunis e Deir al-Balah, segundo a OMS e a UNICEF.

Desde então, tinham sido notificados na Faixa de Gaza três casos de crianças com suspeita de paralisia flácida aguda (PFA), um sintoma comum da poliomielite.

“A poliomielite não se preocupa com as fronteiras e a poliomielite não espera. Prevenir e conter a propagação da poliomielite exigirá um enorme esforço coordenado”, destacou o diplomata português, em declarações aos jornalistas.

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Guterres instou também as partes a apresentarem “garantias concretas” para implementar pausas humanitárias para a campanha de vacinação.

O líder da ONU alertou que Gaza “está em queda livre humanitária” e que o vírus da poliomielite, que também coloca a região em risco, está a circular pelo enclave palestiniano.

“Os desafios são graves. Os sistemas de saúde, água e saneamento em Gaza foram dizimados. A maioria dos hospitais e centros de cuidados primários não funcionam e as pessoas fogem constantemente em busca de segurança”, vincou.

Guterres detalhou que a campanha de vacinação será composta por 708 equipas em hospitais e centros de cuidados primários, “muitos dos quais mal funcionam”, e outras 316 equipas que trabalharão em comunidades de Gaza, informação que já tinha sido adianta hoje por outras agências da ONU.

Para o líder da ONU é fundamental garantir as condições para toda a fase, como dispor de serviços de Internet e telefone para informar a população sobre a campanha, ter combustível para as equipas circularem pela Faixa e dinheiro para pagar aos trabalhadores.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apelaram esta sexta-feira a “pausas humanitárias” na Faixa de Gaza durante sete dias, entre o final de agosto e setembro, para evitar a propagação da variante circulante do vírus do poliovírus tipo 2 (cVDPV2).

Para prevenir a propagação da poliomielite e reduzir o risco da sua recorrência, é necessária uma cobertura vacinal de pelo menos 95 por cento em cada ronda da campanha, dada a grave perturbação dos sistemas de saúde, água e saneamento na Faixa de Gaza.

Israel e o Hamas estão em guerra em Gaza desde há 10 meses, depois de um ataque do grupo extremista palestiniano em território israelita em 7 de outubro. O conflito já provocou mais de 40.000 mortos, segundo as duas partes.