O som da voz das mulheres em público tornou-se objeto de repressão pelos dirigentes talibãs do Afeganistão ao abrigo de um novo conjunto de leis de moralidade rigorosas sobre vícios e virtudes do regime islâmico.

Um conjunto legislativo, com várias leis dirigidas às mulheres, foram promulgadas na quarta-feira, depois de terem sido aprovadas pelo líder supremo, Hibatullah Akhundzada, informou um porta-voz do governo afegão, citado pela CNN Internacional. Entre as novas regras, o artigo 13.º diz respeito às mulheres e aponta-lhes a necessidade de cobrir o corpo com um véu sempre que estiverem em público e cobrir o rosto para “evitar a tentação e a tentação dos outros”.

O vestuário também não deve ser fino, apertado ou curto, para que não sejam reveladas quaisquer formas ou características do corpo da mulher. As regras de indumentária são de carácter obrigatório.

No documento, composto por mais de 100 páginas e 35 artigos, como descrito pelo El País, as mulheres são também proibidas de usar cosméticos ou perfumes, com o objetivo último de as impedir de imitar “o estilo das mulheres não muçulmanas”.

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Uma das medidas mais severas consiste em impedir o som da voz das mulheres em público, incluindo os atos de cantar, recitar ou falar para um microfone. Estão mesmo proibidas de olhar para homens que não sejam seus familiares.

Três anos após regresso dos talibãs, o Afeganistão está mergulhado na pobreza

De acordo com Mohammad Khalid Hanafi, ministro com a pasta da Virtude e dos Vícios, a aplicação da Shari’a [lei islâmica] e do hijab é linha vermelha para os dirigentes talibãs. “Não podemos negociar com ninguém sobre estes assuntos”, garantiu.

Em junho, os talibãs não aceitaram negociar direitos das mulheres com a ONU, a propósito de um encontro organizado em Doha, no Qatar. O ciclo de debates baseou-se numa tentativa de compromisso, mas acabou por não contar com a participação de mulheres.

Muitas das proibições relacionadas com o vestuário das mulheres já estão a ser colocadas em prática nos últimos três anos, mas esta lei constitui a primeira base jurídica para a sua aplicação. O regulamento inclui igualmente restrições para os homens: não podem usar gravata, nem cortar a barba abaixo do comprimento de um punho e não podem pentear o cabelo.

O papel dos homens nos espaços públicos em relação a mulheres com as quais não tenham laços de parentesco também é fortemente restringido. Não podem ver, e muito menos dirigir-se a mulheres que não sejam suas familiares. Além disso, os condutores de autocarros devem recusar o transporte a passageiras que não estejam acompanhadas por um homem.