A administração de Joe Biden anunciou esta quarta-feira uma série de medidas contra a Rússia por pôr em prática uma campanha de desinformação para interferir nas eleições presidenciais norte-americanas deste ano. Estas ações incluem a apreensão de 32 sites online, a aplicação de sanções contra dez indivíduos e duas entidades e a investigação a dois executivos do canal estatal russo, pode ler-se no comunicado do Departamento da Justiça.

A equipa de ameaças a eleições do Departamento de Justiça, que inclui os procuradores gerais dos Estados Unidos e outras figuras relevantes como o diretor do FBI esteve reunida esta quarta-feira, como já tinha sido avançado pela CNN, citando seis fontes próximas da discussão. No final da reunião, o procurador geral Merrick Garland classificou os sites apreendidos como “propaganda do Kremlin”.

“Um documento interno criado pelo Kremlin afirma que o objetivo da campanha é assegurar o resultado eleitoral preferível para a Rússia”, pode ler-se no comunicado. “Os sites apreendidos tinham como objetivo reduzir o apoio internacional à Ucrânia, promover políticas e interesses pró-Rússia e influenciar os eleitores dos Estados Unidos“, acrescentou Garland.

Os oficiais detalham que eram utilizados perfis falsos, narrativas criadas com recurso a Inteligência Artificial e notícias falsas, que visavam grupos específicos dos eleitores. Em reposta, destacaram a ação “agressiva” do Departamento de Justiça contra “os atores malignos” para proteger a democracia e o processo eleitoral.

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Tal como tinham relatado as fontes da CNN, uma das empresas alvo de sanções é a Social Design Agency, que já foi sancionada pelo Departamento de Estado este ano, por “apoiar os esforços de desinformação do Kremlin”. As restantes sanções visam as empresas ANO Dialog e Structura National Technology e dez executivos da RT, a rede estatal de media russos, que está registada desde 2017 como um agente estrangeiros nos Estados Unidos. Dois funcionários da RT são ainda visados numa investigação criminal por terem participado num esquema de desvio de fundos de uma empresa norte-americana, para financiar esta produção de conteúdos online falsos.

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Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos acusam a Rússia de tentar interferir nas suas eleições, mas é “a resposta pública mais significativa da administração Biden”, nota o canal norte-americano. A dois meses de milhões de americanos se deslocarem às urnas, a agência de Cibersegurança e Segurança das Infraestruturas norte-americana garantiu esta semana que “a infraestrutura eleitoral nunca esteve tão segura”.

A resposta do executivo norte-americano à Rússia surge durante uma campanha eleitoral pontuada por várias questões de segurança: no mês passado, as agências federais norte-americanas confirmaram tentativas de influência das eleições por parte de grupos ligados ao Irão.

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Além disso, a campanha democrata para as eleições de 5 de novembro, liderada até junho por Joe Biden e, agora, por Kamala Harris, tem sido marcada por críticas ao candidato republicano, Donald Trump, por uma proximidade ao Presidente russo, Vladimir Putin.

Notícia atualizada às 19h46 com o comunicado do Departamento da Justiça