Os sindicatos dos bancários afetos à UGT disseram esta quinta-feira que insistem em aumentos salariais superiores a 3% e que se não houver acordo com os bancos na conciliação passarão para as próximas fases, mediação e arbitragem.

Em comunicado, MAIS, SBN e SBC voltaram a rejeitar as propostas de aumentos salariais feitas pelos bancos e disseram que se não houver acordo nos três processos de conciliação a correr no Ministério do Trabalho que avançarão para as fases seguintes.

“Os processos de revisão salarial estão na fase de conciliação no Ministério do Trabalho. Mas se nesta fase não se resolver o diferendo de forma a permitir aumentos justos aos bancários avançar-se-á para as restantes fases, da mediação à arbitragem”, disseram os bancos citados na informação à imprensa.

A conciliação consiste numa negociação assistida por um mediador nomeado pela Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) para auxiliar as partes a chegarem a um acordo. Na mediação, o mediador faz uma proposta às partes que podem aceitar ou rejeitar. A arbitragem é quando estão esgotados outros meios de resolução do conflito.

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Quanto aos três processos de conciliação, já houve reunião entre estes sindicatos e o grupo negociador dos bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho do setor bancário (são cerca de 20, caso de Santander Totta, Novo Banco e BPI), mas sem resultados.

Já a primeira reunião com o BCP (que tem contratação coletiva própria) será esta semana e a primeira reunião com o Banco Montepio (que também tem contratação coletiva própria) deve acontecer em meados de setembro.

O grupo negociador da banca e o Montepio propõem aumentos de 3% e o BCP de 2,25%. O BCP e os bancos subscritores do ACT já aplicaram os aumentos propostos, mesmo antes de acordo negocial.

Os sindicatos da UGT reivindicam nas várias mesas aumentos salariais de 3,5%, já depois de reformuladas as propostas iniciais que eram em torno de 6%.

Os sindicatos dizem que são insuficientes aumentos de 3% justificando com o aumento do custo de vida e os elevados lucros apresentados pela banca. Afirmam ainda que os prémios que os bancos dizem atribuir não compensam os baixos salários dos bancários e que têm “critérios pouco claros, não são para todos os trabalhadores nem igual para todos e, além disso, não contam para o futuro cálculo de reforma”.

“Em Espanha, as instituições de crédito aceitaram acordar aumentos de 4,25% em 2024 e 4% em 2025 — por que é diferente em Portugal, inclusive nos bancos com capitais nos dois países? Os lucros são só para distribuir pelos acionistas e pelos administradores”, questionam os sindicatos afetos à UGT.

Quanto a outras negociações salariais na banca, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) acordou com os bancos subscritores do ACT aumentos de 3% este ano, o que os sindicatos afetos à UGT recusaram e consideraram que aceitar esse valor foi “trair os bancários”.