Não tem sido uma relação fácil. Desde que o conflito entre o Hamas e Israel começou, o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, têm divergido em vários pontos. Os dois aliados tentam que esses desacordos fiquem longe dos olhos do público, mas algumas passagens do livro War do reputado jornalista Bob Woodward, que será publicado na próxima semana, mostram pormenores e até insultos que marcam as interações entre os líderes.

Por exemplo, em privado, frustrado com Benjamin Netanyahu, Joe Biden chegou a descrever o primeiro-ministro israelita como um “filho da p***” e “um mau tipo”. O excerto foi publicado pela CNN internacional que teve acesso a algumas passagens.

Outra passagem revela a tensão de uma conversa telefónica em abril entre Benjamin Netanyahu e o Presidente norte-americano, que estava irritado com os planos das Forças de Defesa de Israel para entrarem em Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito. “Qual é a tua estratégia, meu?”, questionou o Chefe de Estado, recebendo a resposta de que Telavive teria de “entrar em Rafah”. “Bibi, não tens estratégia”, respondeu Joe Biden.

Israel acabou mesmo por entrar em Rafah, contrariando as instruções dos Estados Unidos. A reação de Joe Biden, perante os seus conselheiros, foi explosiva, segundo escreve Bob Woodward: “Ele é um mentiroso do ca*****!”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

[Já saiu o segundo episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio.]

Em julho, quando Israel atacou um edifício em Beirute e matou um comandante do Hezbollah, Joe Biden ligou aos gritos para Benjamin Netanyahu. “Bibi, que raio vem a ser isto?”, insurgiu-se o Presidente, lembrando-lhe da “perceção de Israel em todo o mundo”. “Pensam que [Israel] é um estado delinquente, um ator delinquente.”

Em resposta, segundo o livro, Benjamin Netanyahu argumentou que a morte do comandante do Hezbollah se justificava porque era um dos “terroristas que liderava” o grupo islâmico. “Vemos a oportunidade e tirámos proveito dela. Quando mais o atacarmos, mais sucesso teremos nas negociações”, indicou o primeiro-ministro israelita.

As revelações surgem no livro deste veterano da investigação jornalística —  que trabalha há 50 anos no Washington Post e venceu dois prémios Pullitzer, um por causa do caso Watergate, que levou à demissão de Richard Nixon.