Durante 53 dias, Washington Olivetto foi obrigado a permanecer dentro de um quarto que tinha apenas 1 metro de largura, sem janelas e sem luz. O sequestro aconteceu em 2001 e Washington Olivetto, um dos publicitários mais conhecidos do Brasil, morreu este domingo, de acordo com a informação avançada pelo Globo, aos 73 anos.

Além de ter deixado um legado de referência na área da publicidade, a história do seu sequestro é frequentemente recordada, uma vez que levou vários suspeitos a tribunal, num processo que resultou em várias condenações.

Há 23 anos, em 2001, Washington Olivetto foi abordado por um grupo quando estava a caminho de casa. Já era noite e o grupo agrediu o motorista do carro onde seguia o publicitário. Levaram Olivetto para uma casa e obrigaram-no a permanecer num minúsculo quarto, que tinha um metro de largura e três de comprimento.

O quarto onde esteve trancado durante 53 dias não tinha janelas e Olivetto não saiu de lá — nem sequer para ir à casa de banho — e foi obrigado a ouvir música durante várias horas seguintes, num volume muito elevado, para que não fosse possível escutar as conversas que o grupo tinha naquela casa.

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Sequestradores chilenos e argentinos

Antes de ser descoberto o paradeiro de Washington Olivetto, a polícia brasileira deteve seis pessoas relacionadas com o sequestro — todos chilenos e argentinos. Aliás, entre os detidos estava Mauricio Hernández Norumbuena, considerado o líder do grupo e que chegou a fazer parte da Frente Patriótica Manuel Rodriguéz, um dos braços armados do Partido Comunista do Chile, cuja atividade durou durante a ditadura de Pinochet.

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Já na prisão, este líder do grupo nunca disse onde estava Olivetto, mas terá dado ordens para que, no exterior, os membros que estavam na casa onde acontecia o sequestro fossem embora. Recebidas as ordens, o publicitário foi deixado sozinho e só nessa altura é que conseguiu gritar e ser ouvido por uma vizinha.

Mauricio Hernández Norumbuena acabou por ser condenado a 30 anos de prisão e, já em 2004, a justiça brasileira deu luz verde ao processo de extradição para o Chile. O Supremo Tribunal Federal autorizou a extradição para que Norumbuena pudesse cumprir o resto da pena no Chile, desde que a pena a que foi condenado no Chile fosse alterada — foi condenado a prisão perpétua, mas o limite máximo de prisão no Brasil é de 30 anos de prisão e, por isso, a pena não poderia ser superior.