Era uma carta que não devia ser partilhada em público, mas que acabou por ser divulgada. Os Estados Unidos enviaram, no domingo, uma missiva ao governo israelita a exigir que melhore a situação humanitária na Faixa de Gaza em 30 dias. Caso contrário, Washington prometeu cortar o apoio militar ao seu maior aliado no Médio Oriente.

Na carta, assinada pelo secretário da Defesa Lloyd Austin e o secretário de Estado Antony Blinken, a administração Biden manifesta-se profundamente preocupada com o “deteriorar da situação humanitária” e pede “ações urgentes e sustentadas pelo governo” israelita para “reverter essa trajetória”.

Os Estados Unidos denunciam, na missiva, a “sobrelotação” de várias partes da Faixa de Gaza, que pode causar a “propagação de doenças”. E criticam diretamente as ações do governo israelita, principalmente as medidas restritivas da entrada de bens na localidade.

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Os norte-americanos recordam que, em outras duas cartas, alertaram Israel sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza. E exigem que Telavive tome quinze medidas.

Divididas em três subcapítulos, os Estados Unidos pretendem que, “antes do inverno”, Israel reúna condições para que entre em Gaza “assistência humanitária”. Para isso, Telavive deve permitir que entrem na região “350 camiões por dia” e que terminem as “ordens de evacuação”.

Noutro subcapítulo, os EUA exigem que Israel “garanta que corredores comerciais das Forças Armadas da Jordânia funcionem em toda a capacidade”. Simultaneamente, os norte-americanos pedem aos israelitas que terminem o “isolamento do norte de Gaza”.

Além disso, a administração Biden revela estar apreensiva com a atuação do governo israelita em relação à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA).

Horas depois de a carta ter sido revelada por vários meios de comunicação sociais norte-americanos, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, confirmou a informação de que a carta foi mesmo enviada a Israel. O responsável ressalvou que a carta era privada e que os Estados Unidos da América não tinham planos em divulgá-la. Mas não deixou de destacar que os EUA “precisam de ver mudanças pelo governo de Israel”.