O PS e o Livre identificaram aproximações à extrema-direita, o Chega gostou “em parte”, a IL lamentou a falta de ambição, o PCP classificou-o como “a marca d’água do PSD” e o CDS-PP salientou “as medidas importantes”. O discurso de encerramento de Luís Montenegro no 42.º Congresso do PSD gerou reações diversas entre as delegações dos partidos com assento parlamentar que se deslocaram a Braga.

Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, disse que Montenegro fez “anúncios e mais anúncios” sem haver “avaliação pública dos outros anúncios” que já estavam feitos. “É um partido que só tem social-democrata no nome, tira do público para dar ao privado”, atirou, frisando que o anúncio na educação é “profundamente ideológico”, nomeadamente na disciplina de Cidadania.

“Sempre que a direita fala em soltar amarras ideológicas o que está a querer é fazer a sua ideologia”, criticou Alexandra Leitão, que falou em “medidas avulsas e pouco compreensivas para a cidade de Lisboa” e apontou falta de propostas para o interior. E disse mais: “Acho que a AD está a tentar apropriar-se do discurso da extrema-direita na segurança e na imigração.”

Para Alexandra Leitão, no discurso de encerramento do Congresso do PSD assistiu-se a uma “campanha eleitoral permanente”.

Já Filipe Melo, deputado do Chega, recusou que os avisos do primeiro-ministro sobre “política civilizada” fossem dirigidos ao seu partido, que classifica como “um partido responsável e democrático”.

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Sobre as sete medidas apresentadas, mostrou-se satisfeito “em parte”, afirmando especificamente que a medida sobre a disciplina de cidadania estava no programa do Chega. “Nota-se que Luís Montenegro leu o nosso programa eleitoral com cuidado e baseou-se no programa eleitoral do Chega”. Contudo, notou que o primeiro-ministro não falou sobre habitação e afirmou não ver progressos na saúde.

Ana Martins, vice-presidente e eurodeputada da Iniciativa Liberal, evidenciou, por sua vez, diferenças entre os liberais e PSD e disse que o partido gostaria de ver “mais ambição” para que o país possa “enfrentar os desafios”. “Vê-se que é uma prioridade assegurar a prioridade deste Governo, da nossa parte mantêm-se evidentes as diferenças, a IL gostaria de ver uma abordagem mais ambiciosa para o país nos próximos dois anos, complicada com esta configuração parlamentar”, disse à saída do Fórum Braga.

Hélder Sousa, do Livre, mostrou-se preocupado com o discurso de Luís Montenegro. “Notamos uma aproximação do discurso do PSD a algum discurso de extrema-direita, o que nos preocupa.”, explicou, notando que “a alteração disciplina de Cidadania assusta”. Por outro lado, destacou também “ausências” no discurso sobre os temas da habitação, alterações climática e desigualdades.

Quem também se focou nas ausências do discurso do presidente do PSD foi Belmiro Magalhães, da comissão política do PCP, que o classificou como “a marca d’água do PSD”. “Não se falou de aumento de salários ou reformas, ou valorização dos serviços público”, criticou, identificando-os como os verdadeiros problemas do país, que “merecem a referência”.

Ainda assim, garantiu que os comunistas vão analisar cada medida anunciada em detalhe. “Algumas podem nem ser novas”, atirou, acrescentando que “as outras estão longe do que é preciso”. Neste sentido, destacou reformulação da disciplina de cidadania, criticando que esta medida seja definida como “a prioridade para a escola pública”, quando há tantos outros problemas, insistiu.

Já Nuno Melo, líder do CDS-PP, assinalou que houve “medidas importantes para Portugal que vão em linha com o que o CDS defende”. Sobre a disciplina de Cidadania, Melo recordou que há muitos anos “luta contra ideologia colocada na educação”.

“O que se apresenta é o que o CDS defende há muitos anos e o PSD também, não é uma aproximação a mais ninguém”, sublinhou o também ministro da Defesa, que entende que a disciplina pode ser utilizada como um “elemento que é político”.

Por fim, Sandra Pimenta, da Comissão Política do PAN, destacou a insuficiência dos apoios anunciados para as vítimas de violência doméstica, que são apenas de “fim de linha” e não de prevenção. Criticou ainda a total ausência de medidas que façam frente às alterações climáticas ou promovam o bem-estar animal.