A CP tem estado a trabalhar diretamente com o Ministério das Infraestruturas sobre o plano de negócios para a exploração das linhas de alta velocidade e “até ao momento sempre recebemos apoio ao nosso objetivo de serviço. Nunca nos foi transmitida informação de limitar a CP na alta velocidade”. As afirmações foram feitas pelo presidente da operadora ferroviária, Pedro Moreira, aos deputados da comissão de economia e obras públicas.
Pedro Moreira foi chamado ao Parlamento para explicar o plano de negócios da CP pelo Bloco de Esquerda depois do ministro das Infraestruturas ter referido que estava a reavaliar o plano de compra de comboios de alta velocidade da empresa que vinha da anterior tutela socialista. Miguel Pinto Luz deu sinais claros de querer reduzir o número de unidades no concurso para não ter uma CP monopolista. “Não vamos comprar tantos como a CP queria”. Comprar comboios com uma quota de 80% “não é saudável para o mercado”.
O presidente da CP indicou que a empresa ainda aguarda a luz verde da tutela para lançar o concurso, o que espera fazer até ao final deste ano.
“Nas diversas reuniões nunca nos foi transmitida qualquer limitação sobre número de comboios a adquirir”. A CP já entregou à tutela o estudo de viabilidade económica da operação da alta velocidade e, no último dia 14, o plano de negócios para os próximos dez anos. “O acionista irá avaliar e tomar uma decisão e avançaremos em função dessa decisão”.
Apelo aos deputados. “Não solicitem a entrega do plano de negócios. É confidencial e seria prejudicial para a CP
Pedro Moreira sublinhou também que o número de comboios a comprar pela CP tem sido revisto desde que os estudos para este concurso se iniciaram em 2020. O presidente da CP não indicou qualquer número aos deputados nem aos jornalistas. Há notícias de que a empresa pretende comprar 14 ou 16 comboios de alta velocidade, num investimento de mais de 500 milhões de euros. Pedro Moreira explicou que tem havido flutuação no número de unidades relativo à quantidade base a lançar no concurso e aos que ficam para uma encomenda opcional. “O número total manteve-se igual. Temos afinado é a quantidade base à medida que vamos avançando nos estudos”.
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Pedro Moreira aproveitou para fazer um apelo aos deputados. Não solicitem a entrega do plano de negócios da CP ao Parlamento porque tem informação confidencial que deve ser mantida confidencial e isso prejudicaria a CP”. O gestor lembra que a empresa não conhece os planos dos concorrentes.
O gestor contrariou ainda a tese de que a oferta da CP será monopolista na alta velocidade e diz que os serviços previstos irão ocupar, numa primeira fase, 40% da capacidade da infraestrutura e numa, segunda fase, 20% da capacidade. “Haverá capacidade para entrarem outros operadores”. A CP diz não ter medo da concorrência no entanto o seu presidente alerta para o impacto que a alta velocidade terá nos serviços mais rentáveis da empresa. O alfa pendular representa atualmente um quinto das receitas da operadora.
“Os alfa pendulares estão fora do serviço público, mas são determinantes para a CP, geram um um quinto das receitas, e este serviço será transferido para a alta velocidade.”
O presidente da CP adiantou ainda que faz parte dos planos da empresa operar em Espanha no serviço de alta velocidade, mas para isso é preciso começar primeiro a operar em Portugal para explorar sinergias, engenharias e comercial. O gestor indicou ainda que estão a ser realizados estudos de procura para incluir estes serviços no plano de negócios da empresa. Pedro Moreira afirmou também que é intenção da CP operar um serviço complementar com a Renfe, operadora espanhola, com quem “temos trabalhado muito próximo”. A Renfe já manifestou a intenção de estender os seus serviços a Portugal no transporte de longo curso que está liberalizado. “Não temos medo da concorrência, há mercado para a CP e para outros operadores.”