Promessas que não foram cumpridas e fugas de informação: estes foram os temas centrais das declarações de Volodymyr Zelensky aos jornalistas dos países nórdicos na Islândia, no âmbito da quarta cimeira Ucrânia-Norte da Europa, que o Presidente da Ucrânia descreveu como sendo “produtiva”. Neste evento, estiveram presentes os líderes da Islândia, Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia.
E o Chefe de Estado começou com uma acusação forte aos Estados Unidos da América, sobre uma alegada fuga de informação. Na passada terça-feira, o New York Times relatou um pedido que Zelensky terá feito aos líderes dos EUA: mísseis Tomahawk, com alcance de 2.400 quilómetros. Segundo Zelensky, esta requisição era “confidencial” e por isso não gostou de ver o jornal norte-americano a disponibilizar a informação privilegiada presente no seu “pacote de dissuasão não nuclear” secreto, integrado no “plano de vitória” da Ucrânia.
“Era uma informação confidencial entre a Ucrânia e a Casa Branca. Como entender essas mensagens?” perguntou Zelensky para logo a seguir responder. “Isto significa que, entre parceiros, não há confidencialidade”, disse, citado pelo The Kyiv Independent. Lamentando o sucedido, o Presidente acrescenta que solicitou os mísseis para os utilizar apenas se a Rússia se recusasse a acabar com guerra e a reduzir a ofensiva militar. “Eu disse que se tratava de um método preventivo. Disseram-me que se tratava de uma escalada”, contou Zelensky.
Para além disto, fez também menção à possibilidade de tropas vindas dos vários países da Europa integrarem as forças de combate da Ucrânia. A ideia foi imediatamente negada por Volodymyr Zelensky, que afirma nunca ter insistido no tópico, com receio de poder “destruir o apoio dos seus aliados”, cita a agência Ukrinform.
Na presença de cinco chefes de Estados-membro da NATO, o Presidente da Ucrânia revelou que a Aliança ainda não cumpriu os prazos prometidos para a entrega de “seis ou sete sistemas específicos para proteger os céus ucranianos”. Zelensky explicou que os aliados não estavam prontos para conceder a entrada da Ucrânia na NATO durante a última cimeira, mas que ofereceram estes sistemas de defesa anti-aérea como compromisso de apoio.
Desde o início da incursão ucraniana em Kursk, na Rússia, o Kremlin tem indicado que as intenções da Ucrânia na região passam pelo ataque à central nuclear local. Uma decisão que Volodymyr Zelensky desmente. “Se quiséssemos ocupar a central, já o teríamos feito”, cita o The Kyiv Independent. “A Rússia acha-se muito forte, mas nós poderíamos tê-lo feito, simplesmente nunca o quisemos fazer”, revelou o Presidente da Ucrânia, indicando que não têm o objetivo de ocupar “infraestruturas críticas”, porque não se querem tornar “iguais a Moscovo”.
Como tem sido tema dos últimos dias, a presença de soldados da Coreia do Norte na Rússia foi, novamente, tópico nas declarações do Presidente da Ucrânia. “As vozes dos EUA, da NATO, do Ocidente e da China não soam tão alto como deviam”, afirmou, acrescentando que considera o fenómeno “muito perigoso” e que “abre uma nova página nesta guerra”. Zelensky apela a uma resposta efetiva ao envolvimento norte-coreano no conflito e indica que se o esforço dos aliados não aumentar, então “talvez o Irão também se junte”.