Os serviços de informações ucranianos tiveram acesso a um plano elaborado pelo Ministério da Defesa da Rússia com o objetivo de delinear a evolução da situação político-militar até 2045. De acordo com o documento, cujos alguns detalhes foram esta quarta-feira avançados pela agência de notícias ucraniana Interfax e pela RBC Ukraine, Moscovo prevê desmembrar a Ucrânia em três partes — e até apresentar essa hipótese ao Presidente eleito dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump.

De acordo com o plano, o território que corresponde hoje à Ucrânia seria dividido em três partes. A primeira corresponde às regiões de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporíjia, que seriam integradas na Federação Russa. Já houve, em setembro de 2022, referendos organizados pelas autoridades russas para integrar aquelas províncias na Rússia. O ‘sim’ venceu com percentagens consideráveis em todas, mas a comunidade internacional lançou duras críticas à realização do processo. Para além destas regiões, também a Crimeia seria absorvida pela Rússia.

A segunda “fatia” da Ucrânia, de acordo com o documento, transformar-se-ia num Estado pró-russo. Seria um país independente da Rússia, mas liderado por dirigentes alinhados com Moscovo, tal como acontece, por exemplo, com a Bielorrússia de Alexander Lukashenko. As províncias que seriam integradas nesse Estado seriam a capital Kiev, juntamente com Chernihiv, Sumy, Kharkiv, Poltava, Kirovohrad, Dnipropetrovsk, Odessa, Cherkasy, Vinnytsia e Zhytomyr.

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Além disso, esse Estado pró-russo rejeitaria a entrada na União Europeia (UE) e na NATO, assim como aceitaria a presença militar russa nos seus territórios.

A terceira zona seria constituída pelos designados “territórios disputados” que ficaram fora do Estado pró-russo e não seriam integrados na Federação Russa. Segundo o plano de Moscovo, as províncias de Chernivtsi, Ivano-Frankivsk, Khmelnytskyi, Lviv, Rivne, Ternopil, Volhynia e Zakarpattia seriam divididas entre a Roménia, a Hungria e a Polónia.

A divisão da Ucrânia em três partes não é o único ponto de plano, que prevê quatro cenários geopolíticos — dois positivos e dois negativos — para o futuro da Federação Russa até 2045. Moscovo vê com maus olhos se os Estados Unidos e o Ocidente continuarem a ser dominantes na comunidade internacional, mas também não deseja que a China assuma a dianteira. Estes duas hipóteses são mais prováveis, diz o Ministério da Defesa russo, se a guerra na Ucrânia continuar congelada.

Pelo lado positivo, a Rússia vê dois cenários. O primeiro consiste na formação de um mundo multipolar com a divisão por esferas de influências pelas potências; já a segunda, passa pela regionalização e o caos na comunidade internacional. Nestes dois casos, o Kremlin sairia vitorioso da guerra na Ucrânia.