Era um ponto de interrogação que abria a porta a mais pontos de interrogação. A continuidade de Pep Guardiola no Manchester City era uma incerteza que deixava um clube, uma liga e um país inteiro em suspenso em relação ao futuro de um universo que tem sido dominador a nível interno e sempre competitivo a nível europeu. Mas esta terça-feira, numa fase ainda algo inicial da temporada, o mistério ficou desfeito.
O The Athletic foi o primeiro a avançar com a notícia, sendo que a maioria dos meios de comunicação social ingleses já confirmaram entretanto a novidade: Pep Guardiola vai renovar com o Manchester City por mais uma temporada, ficando ligado ao clube pelo menos até ao final de 2025/26, ou seja, completando uma década inteira nos citizens. O prolongamento do vínculo terá ficado acordado já durante o atual mês de novembro, numa viagem que o treinador espanhol fez até Abu Dhabi para se encontrar com Sheikh Mansour, o dono do City.
????????????????????????????????????: Manchester City manager Pep Guardiola has agreed a new one-year contract extension with the option of an additional year.
The 53-year-old’s existing City deal was due to expire at the end of this season and, if the new terms are fulfilled, it would take… pic.twitter.com/S8r1gVEcPj
— The Athletic | Football (@TheAthleticFC) November 19, 2024
De acordo com a notícia, o contrato de Pep Guardiola não prevê uma cláusula de rescisão em caso de despromoção — algo que se torna relevante numa altura em que ainda não se conhecem as sanções das 100 acusações de violações de regras de competitividade que a Premier League fez ao Manchester City. Uma das possíveis conclusões da investigação é precisamente a despromoção administrativa do clube a um escalão inferior, sendo que o treinador espanhol já tinha garantido anteriormente que não ponderava deixar o cargo por esse motivo.
“É uma boa pergunta. Respondo quando existir uma sentença. Fazem a pergunta como se já tivéssemos sido castigados. Neste momento, somos inocentes até prova em contrário. Eu sei que é isso que as pessoas querem. Sinto isso. Mas vou esperar. Vou esperar para ver e, quando existir uma sentença, venho cá explicá-la. Mas de certeza absoluta que não vou considerar o meu futuro com base em estar na Premier League ou na League One [terceiro escalão]. De certeza absoluta. Existem mais chances de ficar se estivermos na League One do que se estivermos na Liga dos Campeões”, disse Guardiola, que chegou a Inglaterra em 2016 e já conquistou seis Premier Leagues e uma Liga dos Campeões, há cerca de um ano.
A ideia de que o treinador de 53 anos poderia terminar este capítulo no final da atual temporada tornou-se ainda mais palpável nos últimos meses, quando foi anunciada a saída de Txiki Begiristain, diretor desportivo que será substituído por Hugo Viana e antigo companheiro de Guardiola no Barcelona, para além de amigo próximo. Com Begiristain de saída, a saída de Guardiola antecipava uma espécie de fim de ciclo no Manchester City — fim de ciclo que, como se sabe agora, era meramente especulativo.
A notícia da renovação de Pep Guardiola surge numa altura em que o treinador espanhol atravessa um dos piores momentos no comando do clube inglês. O Manchester City leva atualmente quatro derrotas consecutivas — contra Tottenham, Bournemouth, Sporting e Brighton –, um registo que Guardiola nunca tinha tido em toda a carreira, e vai procurar encerrar o período negativo no próximo sábado, na receção aos spurs a contar para a Premier League.
“Não estamos ao nível exigido para segurar o resultado durante 90 minutos. Eu sei que é a primeira vez que tenho quatro derrotas seguidas, está tudo bem. É o que é. Também temos de lembrar as vitórias consecutivas que já tivemos. Mas não é bom ser derrotado tantas vezes seguidas. As exibições não estão a ser boas, em certos momentos, e não estamos a ter os minutos bons que precisamos de ter. Temos de mudar, temos de tentar ganhar outra vez”, explicou o treinador depois da derrota com o Brighton, sendo que o City está atualmente no segundo lugar da Premier League e a cinco pontos da liderança do Liverpool.
Certo é que, com a renovação de Pep Guardiola, também se encerram alguns capítulos especulativos — pelo menos durante algum tempo. Depois de ter sido informalmente abordado pela Federação inglesa sobre a possibilidade de assumir a seleção, algo que terá recusado e que abriu a porta à contratação de Thomas Tuchel, o treinador espanhol tem sido constantemente associado ao Brasil. Nos últimos dias, aliás, surgiu a notícia de que Ronaldo estará a estudar uma candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Futebol e que, em caso de vitória, teria Guardiola como selecionador. Até 2026, porém, Guardiola fica no City.