O líder do PS acusou, esta segunda-feira, o primeiro-ministro de “enorme falta de sensibilidade, empatia e respeito pelas vítimas” nas declarações a propósito de violência sobre as mulheres por considerar ser preciso “menos ligeireza e mais respeito pelos factos”.
Em causa as declarações de Luís Montenegro numa conferência sobre combate à violência contra mulheres e violência doméstica quando o chefe do executivo se mostrou convicto de que o aumento dos casos de violência doméstica se deve ao facto de haver mais denúncias e não a um “aumento real”.
“O cidadão Luís Montenegro tem o direito de achar coisas, mas a um Primeiro-ministro exige-se menos ligeireza e mais respeito pelos factos, especialmente quando falamos de violência exercida sobre mulheres”, criticou, através das redes sociais, Pedro Nuno Santos.
O cidadão Luís Montenegro tem o direito de achar coisas, mas a um Primeiro-ministro exige-se menos ligeireza e mais respeito pelos factos, especialmente quando falamos de violência exercida sobre mulheres.
A Polícia Judiciária registou 344 mulheres violadas entre janeiro e… pic.twitter.com/QYJKPfi3G2
— Pedro Nuno Santos (@PNSpedronuno) November 25, 2024
O líder do PS referiu que a Polícia Judiciária registou 344 mulheres violadas entre janeiro e setembro e que este ano foram assassinadas 25 mulheres em Portugal.
“Afirmar, perante estes factos, que a realidade ‘já foi muito pior’, é, no mínimo, uma enorme falta de sensibilidade, empatia e respeito pelas vítimas”, condenou.
No discurso da tarde desta segunda-feira, no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, o primeiro-ministro afirmou que o crime de violência doméstica “é muitas vezes um crime silencioso” e, referindo que não queria “chocar ninguém”, disse ter dúvidas de que o aumento no número de casos que se regista nas estatísticas “signifique o aumento da criminalidade tipificada para a violência doméstica”.
Montenegro atribui aumento de casos de violência doméstica a mais denúncias e não a “aumento real”
“Porque um dos fenómenos que aconteceu nos últimos anos foi precisamente que muita coisa saiu do armário onde estava escondida. Eu não quero, repito, chocar ninguém, mas tenho consciência de que o aumento a que assistimos em alguns anos não significa um aumento real, significa um aumento de conhecimento”, disse, acrescentando que está convencido de que a sociedade portuguesa “já foi muito pior desse ponto de vista”.