A União Europeia (UE) condenou esta quinta-feira a “utilização excessiva de força” e exigiu o fim da “repressão violenta das manifestações” em Moçambique, depois das “imagens chocantes” de um veículo militar a atropelar uma mulher.
Na rede social X (antigo Twitter), o porta-voz da diplomacia da UE Peter Stano escreveu que “são chocantes as imagens de um veículo das forças de segurança a atropelar” pessoas em Maputo.
Mozambique: Shocking images of a security forces’ vehicle running over civilians in Maputo. Excessive use of force and violent repression of manifestations should stop.
People’s rights to speak up and peacefully protest must be upheld.— Peter Stano (@ExtSpoxEU) November 28, 2024
“A utilização excessiva de força e a repressão violenta das manifestações têm de parar. Os direitos da população de se insurgirem e protestarem pacificamente têm de ser assegurados”, acrescentou Peter Stano.
As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) assumiram na quarta-feira terem atropelado uma jovem na capital moçambicana, esclarecendo que o veículo se encontrava “numa missão de proteção de objetos económicos” contra manifestantes e que a vítima foi socorrida.
“Esta viatura encontrava-se em missão de proteção de objetos económicos essenciais, limpeza e desbloqueio das vias de circulação, no âmbito das manifestações pós-eleitorais e fazia parte de uma coluna militar devidamente sinalizada”, lê-se num comunicado de imprensa do Ministério da Defesa de Moçambique a que a Lusa teve acesso.
No documento é referido que a vítima foi “prontamente socorrida” no Hospital Central de Maputo, garantindo que se encontra a receber tratamento hospitalar adequado.
Uma fonte familiar confirmou à Lusa que a jovem foi atropelada na manhã de quarta-feira e se encontra em estado grave.
Pelo menos três pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas devido ao disparo de tiros na quarta-feira em Moçambique nas manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tinha apelado na terça-feira à população moçambicana para, durante três dias, começando quarta-feira, abandonar os carros a partir das 8h00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.