A remoção dos cartazes colocados pelo Chega nas janelas da Assembleia da República por parte do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa — que acabaram por não ter que os remover porque André Ventura e demais representantes do partido decidiram fazê-lo assim que os bombeiros chegaram —, obrigou a ir buscar material a um quartel mais longe do Parlamento. A fatura da hora de serviço vai ser enviada pela Assembleia da República ao grupo parlamentar do Chega.

Os bombeiros estavam de sobreaviso antes do arranque do plenário de sexta-feira, depois de o gabinete do presidente da Assembleia da República  ter feito um primeiro contacto com o Regimento de Sapadores ainda antes do início dos trabalhos. Ainda assim, a formalização do pedido foi feita já depois do plenário ter começado, por volta das 10h30, quando José Pedro Aguiar-Branco percebeu que o Chega não ia retirar voluntariamente os cartazes. A viatura chegou depois ao Parlamento pelas 11h20.

Ao que apurou o Observador, o Regimento de Bombeiros já estava de sobreaviso mas não tinha o material necessário — a autoescada —, no quartel da Avenida D. Carlos, a 300 metros do Palácio de São Bento. Por isso mesmo, foi necessário ir buscar a viatura à Ajuda, o que levou a uma maior demora na retirada dos cartazes. Para esta demora contribuiu também a manifestação convocada para as imediações do Parlamento, o que levou ao corte de várias estradas. Para o local foi enviada, para além da autoescada, um veículo ligeiro de apoio.

Este serviço, por não ter caráter urgente, vai ser naturalmente cobrado à Assembleia da República. Segundo a tabela do Regimento de Sapadores de Bombeiros, a hora que foi gasta com este assunto terá um custo aproximado de 160 euros ao qual acresce o valor do IVA, numa soma total que ronda os 200 euros. A fatura do serviço vai ser enviada pelo Regimento dos Bombeiros de Lisboa ao Parlamento e deverá depois ser reencaminhada ao grupo parlamentar do Chega para que pague a quantia exigida pelos bombeiros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Logo no arranque dos trabalhos, Aguiar-Branco mostrou-se contra a colocação dos cartazes na fachada “de um edifico que é património nacional”, tendo revelado no plenário que não conseguiu contactar o Chega e que caso a retirada não fosse voluntária iria chamar os bombeiros. Apesar de alguns pedidos do PS, do Bloco de Esquerda e do Livre para que o presidente da Assembleia da República utilizasse a chave de acesso aos gabinetes para que as forças de segurança pudessem retirar os cartazes pelo interior, Aguiar-Branco rejeitou forçar a entrada e ordenou a retirada pelo exterior.

A secretaria-geral da Assembleia da República notificou, em carta entregue em mão, o grupo parlamentar do Chega para que retirasse os cartazes, depois de falhados os contactos telefónicos. Já durante o plenário, o Chega respondeu, também por escrito, que só iria retirar depois da votação final global, como André Ventura acabou por dizer aos jornalistas já a meio da manhã.

Quando o Regimento de Bombeiros Sapadores chegou ao Palácio de São Bento e levantou a escada para retirar o primeiro cartaz, o presidente do Chega, André Ventura, trocou algumas palavras com os operacionais e acabou por retirar a tarja, levando a que outros deputados e funcionários do grupo parlamentar fizessem o mesmo nas restantes janelas, não tendo os bombeiros que retirar qualquer material. Já esta segunda-feira, a SIC adiantou que o Ministério Público vai abrir um inquérito à colocação de propaganda nas janelas do Parlamento depois de ter recebido uma queixa anónima.

Ministério Público recebe queixa contra André Ventura alegando vandalização da Assembleia da República