André Ventura considera que este não é o tempo de falar sobre eleições presidenciais e assegura que o Chega ainda nem sequer decidiu se terá um candidato próprio ou se apoiará algum dos nomes que decidam entrar na corrida a Belém. A decisão foi atirada para o fim do primeiro trimestre do próximo ano e Ventura deixou a porta aberta à possibilidade de voltar a ser candidato, assumindo não ter tomado qualquer decisão.

Sobre os candidatos pelos quais foi mostrando apreço, não recua, nem avança. “O almirante Gouveia Melo e Pedro Passos Coelho são nomes, pelo serviço que prestaram país, a ter em conta e nomes que fazem a diferença“, começou por dizer o líder do Chega, para logo salvaguardar que “isso não quer dizer que o Chega apoiará ou que a decisão estará tomada para apoiar um candidato ou outro”.

Além de recordar que ainda não se sabe se nomes como Pedro Passos Coelho, Gouveia Melo ou até Pedro Santana Lopes — que marcou presença nas jornadas parlamentares do Chega — avançarão para as eleições presidenciais, Ventura também fez questão de esclarecer que o partido ainda não decidiu se haverá ou não um candidato do Chega.

Mais do que isso, Ventura reconhece que o Chega “nem sempre tem que ter um candidato próprio” e “pode apoiar outros candidatos“.  “Há uma coisa que garanto: o Chega não deixará passar as eleições presidenciais em claro. Não as deixará passar indiferentes e terá uma posição muito clara sobre essa eleição”, assegura, sublinhando também que o partido “não vende nem cede nas questões fundamentais” e que ninguém “contará” com o Chega se “não quiser o [seu] apoio”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apesar de admitir que o partido até pode optar por apoiar alguém que não seja necessariamente do partido, Ventura explica que “quem mostrar divergências” em relação a temas como “combate à corrupção, o combate à imigração ilegal, o combate ao conluio entre os interesses do sistema e os interesses do sistema político e os interesses do sistema económico” não poderá ser o candidato apoiado pelo partido.

“Todas as pessoas de quem falamos são razoáveis e compreendem que se têm posições diferentes também terão que ter um eleitorado diferente. Não podem querer ter uma posição diferente, mas ter um eleitorado do Chega. Isso é que não é possível”, salvaguardou.

No caso de Henrique Gouveia e Melo em específico, e apesar de reconhecer que “não é absolutamente unânime dentro do partido”, até devido a algumas opiniões que foi demonstrando, como o Observador escreveu aqui, Ventura reitera que tem uma “boa opinião“, e que o mesmo se aplica a Pedro Passos Coelho. Contudo, alertou: “Eu ter boa opinião não quer dizer que leve o partido a um apoio presidencial.”

“Isso não quer dizer que apoiemos um ou outro por serem um bocadinho fora do sistema político. Porém, o [facto de] estarem livres do sistema político é um bom critério“, acrescentou, certo de que a “independência” que se conhece a Gouveia e Melo agrada e optando por elogiar apenas a visão do militar. “A independência que tem mostrado em relação ao sistema político, a firmeza que tem mostrado, o apreço que parece ter pela noção de pátria, pela noção de nação, pelos símbolos nacionais, pelas instituições do país, como o exército, como as forças armadas, a justiça, tudo isso são bons sinais.”

André Ventura defendeu ainda que ainda há tempo para pensar nas presidenciais, que as eleições autárquicas atualmente são o foco do Chega, e chegará o momento, previsivelmente no final de março, para se discutir a corrida a Belén. Nessa altura, disse Ventura, apresentará ao partido e tornará público aquela que é sua “posição sobre as eleições presidenciais, sobre se [vai] avançar ou não para as eleições presidenciais em janeiro de 2026”.

Depois dos longos minutos a falar sobre presidenciais, no encerramento das jornadas parlamentares, no Instituto Politécnico de Leiria, Ventura resumiu: “Os cenários que existem são esses: eu, se avançar, direi até a final de março. É uma decisão que ainda não tomei também. É uma decisão que, obviamente, se tomar, porque sou o líder do partido, contarei com o apoio do partido. Quer dizer, não me fazia muito sentido eu avançar para as eleições presenciais sem o apoio do meu partido, não é?”.

A verdade é que com Pedro Passos Coelho aparentemente fora da corrida e com Gouveia e Melo a não agradar a todo o eleitorado do Chega — mais ainda quando começaram a ser reveladas algumas das suas opiniões — André Ventura poderá sentir-se forçado a representar o partido em mais uma batalha eleitoral para Belém.

Chega começa a arrepender-se de apoio a Gouveia e Melo