O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, defendeu hoje que os partidos devem afirmar as suas ideias e projetos políticos para o país, em vez de se concentrarem no “árbitro” do parlamento.

“Algumas forças políticas deviam concentrar mais as suas energias, não em relação ao árbitro, mas a combater as outras ideias e projetos políticos e a fazer a afirmação” das suas propostas junto dos portugueses, afirmou Aguiar-Branco.

O presidente da Assembleia da República respondia a perguntas dos jornalistas sobre as acusações da líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, ao semanário Expresso de que Aguiar-Branco é “cúmplice com a atuação” do partido Chega no parlamento.

“Os portugueses não nos elegeram para sermos polícias uns dos outros”, começou por dizer Aguiar-Branco.

Falando em Évora, durante uma das etapas da iniciativa “Parlamento Próximo” dedicada a este distrito, Aguiar-Branco frisou que, no início do mandato, assumiu o compromisso de “equidistância em relação a todos os deputados”.

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“Tenho o mesmo respeito pelos 229 deputados que foram eleitos, por voto secreto, direto e universal dos portugueses e tenho tido pautado a minha conduta, no meu entender, absolutamente respeitadora desse princípio que defini”, sublinhou.

Quanto “ao resto”, referindo-se às críticas do Livre, o líder do parlamento insistiu que os partidos devem “convencer os portugueses que as suas políticas são as melhores para o país e não concentrar-se no árbitro, porque não faz sentido”.

Em entrevista ao Expresso, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, anunciou que o partido vai avançar com uma queixa ao Grupo de Trabalho do Código de Conduta dos deputados pelas palavras de André Ventura na sessão solene do 25 de Novembro.

Na entrevista, a eleita do Livre considerou que o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, tem sido “cúmplice com a atuação do Chega” no Parlamento e que “devia ter repudiado” o discurso de André Ventura.

Em causa, segundo o Expresso, está o discurso naquela cerimónia que André Ventura concluiu com a evocação de um major-general da guerra colonial.

“Como dizia Jaime Neves sobre a guerra do Ultramar, era mesmo assim: ‘Quando nos mandavam limpar, nós limpávamos tudo.’ Já começámos, vamos continuar”, afirmou, enquanto apontava para as bancadas da esquerda.