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Pedro Nuno Santos acusa Montenegro de "descaramento" e "vergonha": "Ninguém no PS faz acordos com o Chega"

Pedro Nuno Santos garantiu que mediu as palavras antes de acusar o primeiro-ministro de "descaramento" e "vergonha" pela associação do PS ao Chega. Carlos César diz que PS nunca se confundiu.

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LUSA

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O discurso de Luís Montenegro no jantar de Natal do grupo parlamentar do PSD foi o menu ideal para o PS servir no seu próprio encontro natalício. Pedro Nuno Santos não foi de meias-palavras e considerou que, ao primeiro-ministro, “faltou vergonha e descaramento” quando decidiu fazer uma “associação do PS com o Chega”. Sem amarras após a viabilização do Orçamento do Estado da AD, o secretário-geral do PS devolveu as críticas e assegurou que é o PSD que tem um “acordo com o Chega” nos Açores e na Madeira.

“O primeiro-ministro decidiu fazer uma intervenção que desrespeitou profundamente o Parlamento e a democracia parlamentar”, começou por referir Pedro Nuno Santos, já depois de Carlos César e Alexandra Leitão também não terem deixado escapar o tema do Chega e o que consideram uma aproximação do PSD ao partido de Ventura.

Pedro Nuno Santos provocou (“admito que o primeiro-ministro esteja zangado com o povo português por não ter tido mais do que 29% dos votos”) e deu uma curta lição sobre o trabalho parlamentar para assegurar que o PS só fez “aquilo que compete fazer e que continuará a fazer: escrutinar, fiscalizar a ação do Governo e apresentar iniciativas legislativas”. Pelo meio, ainda deixou mais uma provocação no ar, ao dizer que Montenegro “tem uma relação distante com o Parlamento” e não só: “Também tem uma relação distante com o Presidente da República.”

Seja como for, para Pedro Nuno Santos, que mediu as palavras, a “vergonha e descaramento” de Luís Montenegro esteve “exatamente na associação do PS ao Chega”. “Não há partido político em Portugal mais distante do Chega do que o PS. Nenhum partido político em Portugal combate mais o Chega do que nós”, salienta Pedro Nuno Santos, assegurando que os socialistas não apresentaram ou aprovaram nenhuma proposta que fizesse parte da “agenda da extrema-direita”. Mais: garantiu que o Governo pretende “disputar com o Chega território eleitoral”.

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E garantiu que o PS não se está a “integrar” ou sequer a “apropriar-se” de nenhuma proposta do Chega — ao contrário do que diz que “o Governo tem feito”. “A extrema-direita não entra no Governo só quando se fazem acordos governativos”, defendeu, apontando que Montenegro o fez com a Lei da Imigração ou como tratou de forma “panfletária” o tema da segurança e recordando a maneira como o Congresso do PSD se levantou em reação ao tema das aulas de cidadania.

E se Montenegro aproveitou a moção de censura ao Governo regional da Madeira para associar o PS ao Chega, Pedro Nuno Santos respondeu na mesma moeda, responsabilizando o PSD pelos acordos tanto na Madeira como nos Açores. Assegurou que o PS foi “coerente” em aprovar a moção porque sempre esteve contra o Executivo regional do PSD e CDS e considerou “extraordinário” que o primeiro-ministro fale naqueles moldes, quando “fez um acordo com o Chega” que permitiu que Albuquerque fosse legitimado — o programa regional do Governo regional da Madeira passou com três abstenções de deputados do Chega.

“Fez um acordo com o Chega na Madeira e fez um acordo com o Chega nos Açores. Ninguém no PS faz acordos com o Chega”, sublinhou.

Pedro Nuno Santos enumerou uma lista de críticas a Luís Montenegro e ao Governo, reiterou que os sociais-democratas são “incapazes de resolver os problemas do SNS” e que o Governo é “incompetente e sem credibilidade”, designadamente no caso dos números apresentados na saúde e educação. “O problema é a incapacidade de perceber a diferença entre um anúncio, um powerpoint e a governação; entre a adoção de medidas conjunturais e a resolução de um problema estrutural. O que isto nos mostra é que o Governo não resolveu nenhum problema estrutural”, acusou o líder socialista, que aponta a um “Governo [que] é incompetente e manipula os dados e os factos para mascarar o insucesso da sua política”.

Antecipando um ano impossível de “ignorar”, em que haverá eleições autárquicas e logo no início de 2026 presidenciais, Pedro Nuno Santos prometeu não dar qualquer espaço a Luís Montenegro, com promessas de que o PS vai “fiscalizar de forma firme” e “apresentar propostas”, nomeadamente no “combate contra a desvalorização do Estado Social” que, disse, “está em curso”, mas também “contra a incompetência e capacidade do Governo e pela transformação da economia portuguesa”.

E bem no fim do discurso, antes de se sentar numa mesa onde também marcou presença o presidente honorário do PS, Manuel Alegre, Pedro Nuno Santos fez questão de recordar que “o líder do PSD fez o discurso que fez sobre um partido que ainda há poucas semanas teve o sentido de responsabilidade de Estado e viabilizar o Orçamento do Estado” — e sem o qual a AD não teria visto o documento aprovado.

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Carlos César diz que PS “não se confunde”, Alexandra Leitão alerta para “rampa deslizante”

Antes do secretário-geral do PS, Carlos César, que chegou a dizer, em termos de brincadeira, que ser presidente do PS é “muito parecido” com ser militante de base, juntou-se às críticas a Luís Montenegro. Começou por dizer que a “condição” de oposição em que o PS se encontra “não é fácil” e lembrou que exige uma “uma especial competência e vigor porque há perigos que contaminam a ansiedade com que os representantes da oposição, que são também protagonistas de uma alternativa ao governo, se confrontam”. Entre eles, apontou, “um excessivo facilitismo na sua intervenção”. Isto porque, explicou, “o populismo tanto morre no facilitismo da negação como no desvario da promessa”, alertou.

“É nesse sentido que nós devemos prosseguir, com a coragem de dizer não e com a coragem de dizer sim, independente das nossas companhias”, realçou, procurando “lembrar ao PSD e a AD que o PS tem 50 anos ao serviço do Portugal democrático” e “não se confunde, nem nunca se confundiu nem com os devaneios à sua esquerda, nem se descuidou dos perigos que chegam da extrema-direita”.

Também Alexandra Leitão disse que é dever do PS “travar o avanço da extrema-direita”, que acusou de ter procurado “capturar o espaço democrático, fomentando a divisão e o discurso de ódio”. A líder parlamentar do PS referiu que o Parlamento se “transformou muitas vezes no palco de ataques gratuitos e perigosos e no exemplo de degradação do debate político”, frisando que “os limites da decência e da urbanidade foram tantas vezes ultrapassados que quase caímos na tentação de condescender”.

Tal como Pedro Nuno Santos fez, Alexandre Leitão disse que o “Governo da AD cedeu à agenda da extrema-direita a pretexto das perceções”, acusando Montenegro de procurar “atalhos fáceis e ceder à pressão populista”. “A rampa deslizante começou. Primeiro cedem no discurso, depois cedem nas políticas e, quando damos conta, a extrema-direita deixou de ser a sombra e passou a estar no centro de ação governativa”, sublinhou, num jantar em que a extrema-direita marcou os discursos, à boleia de um Luís Montenegro que colou o PS ao Chega.

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