Doações, visitas a Damasco e promessas de uma “parceria estratégica”. A Ucrânia lançou uma ofensiva diplomática ao novo regime sírio, liderado pelo movimento HTS (Hayat Tahrir al Sham). O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu, esta segunda-feira, que o país está interessado em estabelecer parceiras com o novo governo da Síria.

No dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Agricultura da Ucrânia visitaram a capital da Síria, Volodymyr Zelensky assinalou, no seu discurso diário, que a iniciativa demonstra a “liderança e a agilidade” ucraniana na política externa, qualidades essas que podem resultar em “desfechos positivos” para Kiev.

“Temos a oportunidade de ajudar a restabelecer a estabilidade da Síria após anos da interferência da Rússia e isso vai indiscutivelmente apoiar os nossos próprios esforços para restaurar a paz para nós”, destacou o Presidente ucraniano, que deseja restaurar as “relações diplomáticas e a cooperação económica com a Síria”.

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Volodymyr Zelensky disse esperar igualmente que a Síria pós-Assad “respeite o Direito internacional”, algo que o antigo Presidente sírio “não queria”. “Ele estava dependente e simplesmente não entendia o que significa respeitar o seu próprio povo e a comunidade internacional”, sublinhou o Presidente da Ucrânia.

Esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, encontrou-se em Damasco com o seu homólogo sírio, Ahmed Al-Sharaa, tendo transmitido a mensagem que Kiev está disponível para ajudar o novo regime. “Estamos pronto para abrir uma nova página nas relações bilaterais, estabelecer laços diplomáticos baseados no respeito mútuo pela integridade territorial e da soberania.”

Na mesma visita à Síria, Andrii Sybiha lembrou que o povo sírio e ucraniano vivenciaram, por conta da guerra, experiências idênticas e o “mesmo sofrimento”.

Na passada sexta-feira, o Presidente ucraniano anunciou que o país enviou “500 toneladas de trigo ucraniano” para a Síria, no âmbito de um programa humanitário. “Desejamos à Síria e ao seu povo segurança e estabilidade”, disse Volodymyr Zelensky, adiantando que o apoio pode chegar a 167 mil pessoas nas próximas semanas.