Um estudo relacionou o consumo de bebidas açucaradas ao surgimento de milhares de novos casos de diabetes tipo 2 e de doenças cardiovasculares, em 184 países, principalmente no continente africano e na América Latina e Caraíbas. Os dados publicados esta segunda-feira, na revista  Nature Medicine, mostram que cerca de 340.000 pessoas morreram em 2020 vítimas dessas doenças cujas causas estão associadas à constante ingestão de refrigerantes e de outras bebidas adoçadas com açúcar.

Este número representa um aumento significativo de 54% em relação a uma avaliação de 2015, que foi publicada na revista Circulation, que estimou a morte de 184.000 pessoas relacionada com problemas de saúde provocados por estas bebidas, cita o The New York Times.

O estudo agora publicado — desenvolvido pelo Global Dietary Database — revela ainda que, em 2020, as bebidas açucaradas estiveram na base do diagnóstico de pelo menos “2,2 milhões e de 1,2 milhões de novos casos de diabetes e de doenças cardiovasculares”, respetivamente.

A África Subsaariana e América Latina e Caraíbas, entre 1999 e 2020, registaram os maiores aumentos em relação a outras partes do mundo. Esta realidade foi justificada no estudo com o facto de as empresas de refrigerantes investirem esforços para atrair cada vez mais clientes em países pouco desenvolvidos, face a uma certa diminuição das vendas na América do Norte e na Europa.

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“À medida que o consumo de bebidas açucaradas se estabilizou, ou começou a diminuir nas grandes nações, a indústria de bebidas [açucaradas] voltou-se para mercados emergentes, onde as populações são altamente suscetíveis ao apelo de marketing para estilos de vida ocidentais”.

Por isso mesmo, alertou sobre o consumo constante de bebidas açucaradas que, explicou, pode levar à obesidade e aumentar o risco de doenças cardíacas, hipertensão e diabetes tipo 2.

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Dariush Mozaffarian, um dos principais autores do estudo e diretor do Instituto Food Is Medicine da Universidade Tufts, disse esperar que os resultados deste trabalho possam acelerar esforços no sentido de reduzir o consumo destes produtos, particularmente em países mais pobres, onde os sistemas de saúde não estão preparados para lidar com o crescimento dessas doenças.

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“Os reguladores e atores políticos reagem rapidamente a mortes trágicas, como as causadas por um acidente de avião ou um ataque terrorista. As bebidas açucaradas causam mais mortes e sofrimento, mas estas mortes não comovem as pessoas da mesma forma, porque estão escondidas”, disse, concluindo que “isso tem que mudar.”

Cerca de 830 milhões de pessoas no mundo têm diabetes, sendo que a maioria vive em países mais pobres. No entanto, mais da metade destas não estão a receber qualquer tipo de tratamento, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Já as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, matando cerca de 17,9 milhões de pessoas a cada ano, avança a OMS.

Texto editado por Dulce Neto