Se a NASA (agência espacial norte-americana) diz que tem um grande anúncio a fazer, tanto os órgãos de comunicação social, como a comunidade científica e o público em geral vão ficar atentos. E se a promessa é que o anúncio diz respeito a Marte, a curiosidade sobre o que possa ser cresce ainda mais.

A agência informou que uma nova comunicação será feita a partir do quartel-general em Washington, esta quinta-feira (dia 5), às 19 horas (hora de Lisboa). E, seguindo o raciocínio do site Science Alert, o tema pode ser a atmosfera de Marte visto que quatro dos cinco oradores pertencem ao projeto MAVEN (a sigla em inglês para Mars, Atmosphere and Volatile Evolution).

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Vídeo Vimeo publicado a 9 de setembro de 2015: “Marte é seco e frio agora, mas não foi sempre assim. Esta simulação imagina como poderia ter sido.”

E se estivermos a falar de nevoeiro ácido?

Neste momento podemos apenas especular sobre quais serão as revelações da NASA, mas a conferência da Sociedade Geológica Americana, que decorreu entre 1 e 4 de novembro em Baltimore, também lançou umas pistas sobre a composição da atmosfera: nevoeiro ácido.

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As conclusões de Shoshanna Cole, cientista planetária e doutoranda na Universidade Cornell, não resultam da observação direta da atmosfera, mas do efeito esta pode ter na superfície do planeta vermelho. A investigadora analisou os dados recolhidos pelo Rover Spirit em 2003 que demonstram que os vapores ácidos podem ter erodido as rochas, no monte Husband (“Marido”) da cratera Gusev em Marte.

As rochas dos locais analisados tinham uma composição química equivalente, logo teriam tido uma origem idêntica, mas apresentavam em geral um aspeto muito diferente umas das outras. Algumas das rochas apresentam oxidação do ferro, mas mesmo o nível de oxidação era muito variável até numa extensão de apenas 30 metros. Outras rochas apresentavam minerais que tinham perdido a estrutura original tornando-se menos cristalinos e mais amorfos. 

“Isso faz-nos pensar que foram feitas do mesmo material, quando começaram, depois alguma coisa aconteceu e fez com que se tornassem diferentes umas das outras”, disse Shoshanna Cole, citada pelo comunicado. A hipótese é que tenham estado expostas a vapor de água ácido (“vog”) resultante das erupções vulcânicas, semelhante ao fumo vulcânico corrosivo libertado pelo vulcão Kilauea, no Havai. Quando o vog assentou na superfície marciana dissolveu os minerais e formou um gel. Quando a água do gel evaporou, ficou uma espécie de cimento que favoreceu o aparecimento de aglomerados.

“Assim, nada é adicionado ou retirado, mas é mudado”, disse a investigadora. “Isto aconteceu aos poucos ao longo de um período de tempo longo. Até há um sítio onde é possível ver cimento a fechar uma fratura [na rocha]. É bastante impressionante. Fiquei realmente feliz quando o encontrei [o cimento].”

Outros anúncios da NASA:

  • O telescópio espacial Kepler encontrou um planeta pouco maior que a Terra a orbitar a zona habitável de uma estrela pouco maior do que o Sol, a 23 de julho de 2015.
  • A equipa que juntou investigadores da NASA, de instituições norte-americanas e de uma francesa encontrou provas indiretas da presença de água no planeta vermelho, conforme foi publicado na revista científica Nature Geosciences no dia 28 de setembro de 2015.
  • As primeiras imagens coloridas da sonda New Horizons revelaram neblinas azuis sobre Plutão e água gelada no pequeno planeta, que em tempos foi o último do sistema solar, segundo um comunicado da NASA a 8 de outubro de 2015.