As 51 medidas do programa do Governo do PS foram conhecidas este fim de semana, mas que impacto vão ter na sociedade portuguesa? As famílias e pessoas singulares são os maiores beneficiários, com medidas que vão afetar as pensões, os salários e promessas de melhoria do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública.

Mas há também novidades no que toca às empresas. PS, Bloco e PCP querem concretizar a redução do IVA da restauração para 13%, uma das grandes bandeiras dos três partidos. Os partidos pretendem ainda criar um sistema de incentivos à instalação de empresas e ao aumento da produção nos territórios fronteiriços, ao mesmo tempo que querem investir num combate decidido à precariedade, incluindo aos falsos recibos verdes, ao recurso abusivo ao trabalho temporário e ao uso de estágios e de contratos emprego/inserção para substituição de trabalhadores.

A grande vitória para os sindicatos passa pela possível anulação das concessões e privatizações em curso dos transportes coletivos de Lisboa e Porto.

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  • Será reposta em vigor, em 1 de janeiro de 2016, a norma da lei no 53-B/2006 de 29 de dezembro, relativa à atualização das pensões, com a garantia de não haver corte no valor nominal das pensões.
  • A reposição do pagamento dos complementos de reforma dos trabalhadores do setor empresarial do estado;
  • Como forma de melhorar os rendimentos das famílias, será gradualmente reduzida até ao limite de 4 pp., sem consequências na formação das pensões, a TSU paga pelos trabalhadores com salário base bruto igual ou inferior a 600 euros/mensal. A perda de receita decorrente da adoção desta medida será compensada em cada ano com transferência do Estado para a Segurança Social de montante equivalente àquela redução;
  • A reposição gradual dos salários da Função Pública inicia-se em Janeiro de 2016 (25% no primeiro trimestre; 50% no segundo; 75% no terceiro; 100% no quarto);
  • Aumento da progressividade do IRS, nomeadamente através do aumento do número de escalões – esta medida vai trazer boas notícias para alguns agregados mas penalizar outros.
  • Eliminação do quociente familiar introduzido no OE de 2015, que tem uma natureza regressiva, e sua substituição por uma dedução por cada filho, sem caráter regressivo e com efeito neutro do ponto de vista fiscal;
  • Introdução de uma cláusula de salvaguarda que limite a 75 euros/ano os aumentos de IMI em reavaliação do imóvel que seja habitação própria permanente de baixo valor;
  • Proibição das execuções fiscais sobre a casa de morada de família relativamente a dívidas de valor inferior ao valor do bem executado e suspensão da penhora da casa de morada de família nos restantes casos;
  • Revisão de valores desproporcionados de coimas e juros por incumprimento de obrigações tributárias e introdução de mecanismos de cúmulo máximo nas coimas aplicadas por contraordenações praticadas por pessoas singulares, designadamente por incumprimento de obrigações declarativas;
  • Agilizar as situações e condições em que pode ser negociado e aceite um plano de pagamentos por dívidas fiscais e tributárias e à Segurança Social;
  • O reforço da capacidade do SNS pela dotação dos recursos humanos, técnicos e financeiros adequados, para alcançar objetivos concretos de redução do tempo de espera no acesso aos cuidados, assim como para exames e tratamentos, de forma a assegurar cuidados de saúde de qualidade, com segurança e em tempo útil;
  • Redesenhar a tarifa social de eletricidade no sentido de a tornar automática para agregados familiares de baixos recursos e beneficiários de prestações sociais sujeitas a condição de recursos; no caso dos consumidores que, não auferindo prestações com a natureza anterior, se encontrem em situação vulnerável, a nota de rendimentos emitida pela Autoridade Tributária permitirá o cumprimento dos requisitos para a atribuição da tarifa social; os consumidores que, pelo seu nível de rendimento, estão hoje dispensados de apresentar declaração de rendimentos, deverão passar a fazê-lo para obter a nota de rendimentos da Autoridade Tributária e, dessa forma, aceder à tarifa social; o acesso à tarifa social dá acesso automático ao Apoio Social Extraordinário ao Consumidor de Energia (ASECE);
  • Retirar da fatura da energia elétrica a Contribuição do Audiovisual e incorporá-la no universo das comunicações sem perda de receita para a RTP;
  • A redução global do valor das taxas moderadoras;
  • A eliminação das taxas moderadoras de urgência sempre que o utente seja referenciado e a reposição do direito ao transporte de doentes não urgentes de acordo com as condições clínicas e económicas dos utentes do SNS;
  • A garantia, até 2019, do acesso ao ensino pré-escolar a todas as crianças a partir dos três anos;
  • O reforço da Ação Social Escolar directa e indirecta;
  • Criar condições de estabilidade do corpo docente e demais trabalhadores das escolas, quer com a vinculação, quer revogando o regime de requalificação;
  • A redução do número de alunos por turma;
  • A progressiva gratuitidade dos manuais escolares do ensino obrigatório;
  • A promoção da integração de investigadores doutorados sem laboratórios e outros organismos públicos e substituição progressiva da atribuição de bolsas pós-doutoramentos por contratos de investigador;
  • Garantir a não privatização da água. O acesso à água é considerado um direito humano, devendo um novo regime tarifário possuir tarifas sociais que permitam o acesso por todos;
  • Desenvolver um plano estratégico para a mobilidade de passageiros, considerando a generalidade dos modos de transporte e procurando a criação de condições para o desenvolvimento do transporte ferroviário;
  • Garantir a mobilidade das pessoas, tomando medidas urgentes que assegurem serviços de transportes públicos, nomeadamente nas zonas rurais e no interior do país.

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  • O Governo proporá em sede de concertação social uma trajetória de aumento do salário mínimo que permita atingir os 600€ em 2019: €530 em 2016; €557 em 2017; €580 em 2018; e €600 em 2019. Esta evolução permitirá ganhos reais do salário mínimo em todos os anos da legislatura, e um aumento real acumulado superior a 10% (tendo em conta a inflação estimada para os próximos anos);
  • Um combate decidido à precariedade, incluindo aos falsos recibos verdes, ao recurso abusivo ao trabalho temporário e ao uso de estágios e de contratos emprego/inserção para substituição de trabalhadores;
  • A revisão da base de cálculo das contribuições pagas pelos trabalhadores a recibo verde;
  • Redução do IVA da restauração para 13%;
  • Reverter, no que toca à recente reforma do IRC, a “participation exemption” (regressando ao mínimo de 10% de participação social) e o prazo para reporte de prejuízos fiscais (reduzindo dos 12 para 5 anos);
  • Criar um sistema de incentivos à instalação de empresas e ao aumento da produção nos territórios fronteiriços, designadamente através de um benefício fiscal, em IRC, modulado pela distribuição regional do emprego;
  • O alargamento do sistema de estímulos fiscais às PME em sede de IRC;
  • A reavaliação das reduções e isenções da TSU mas sem qualquer redução;
  • Recusa do aumento da tarifa fixa na água para utilização agrícola;
  • São repostos os quatro feriados eliminados na anterior legislatura
  • Reavaliar o Plano Nacional de Barragens, nomeadamente as barragens cujas obras ainda não iniciaram, como é o caso das barragens da Cascata do Tâmega;
  • Aumentar a produção e a produtividade das fileiras florestais através do aumento das áreas de montado de sobro e de azinho e de pinheiro bravo, travando a expansão da área do eucalipto, designadamente através da revogação da Lei que liberaliza a plantação de eucaliptos, criando um novo regime jurídico;
  • Incentivar a revisão dos contratos de concessão de primeira geração, procurando que o preço dos serviços da água corresponda a um preço justo.

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  • Anulação das concessões e privatizações em curso dos transportes coletivos de Lisboa e Porto;
  • Reversão das fusões de empresas de água que tenham sido impostas aos municípios;
  • Reversão do processo de privatização da EGF, com fundamento na respetiva ilegalidade;
  • Nenhuma outra concessão ou privatização, incluindo da TAP;
  • O PS abdica do Programa de Governo o regime conciliatório;
  • Reforço dos poderes da Autoridade para as Condições de Trabalho na regularização de falsos recibos e outros vínculos ilegais, com imediata conversão em contratos de trabalho e acesso aos respetivos direitos;
  • O fim do regime de requalificação/mobilidade especial;
  • O cumprimento do direito à negociação coletiva na Administração Pública;
  • A necessidade de diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social deve ser objeto de negociação em sede de concertação social, comprometendo-se os partidos signatários a trabalhar em conjunto na proposta a apresentar pelo Governo ao Conselho Económico e Social.