O compositor e maestro francês Pierre Boulez, uma das figuras mais influentes da música clássica contemporânea, morreu na noite de terça-feira na sua casa em Baden-Baden, na Alemanha. Tinha 90 anos.

A informação foi confirmada pela família através de um comunicado divulgado esta quarta-feira pela Philamornie de Paris. “Para todos aqueles que lhe foram próximos e que puderam apreciar a sua energia criativa, a sua exigência artística, a sua disponibilidade e generosidade, a sua presença permanecerá viva e intensa”, pode ler-se na página da orquestra francesa.

Compositor exigente, divulgador da música contemporânea e pedagogo, a influência de Pierre Boulez é imensa. Nasceu a 26 de março de 1925 em Montbrison, uma pequena cidade nos arredores de Lyon. Começou por estudar piano ainda em criança e, mais tarde, ingressou no Conservatório de Paris, onde foi aluno do compositor e organista Olivier Messiaen, que o viria a influenciar profundamente.

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Na década de 30, foi iniciado por René Leibowitz no dodecafonismo, um sistema de organização musical criado nos anos 20 pelo austríaco Arnold Schoenberg. A técnica viria a tornar-se muito popular entre as mais importantes figuras da vanguarda, como Karlheinz Stockhausen, Luciano Berio ou György Ligeti.

Compôs as primeiras peças ainda durante a adolescência, mas foi nos anos 50 que se estabeleceu definitivamente como um dos mais compositores do seu tempo, com obras como Marteu sans maître. Ao desenvolver técnicas e métodos de composição que assentavam, muitos deles, em princípios matemáticos, Pierre Boulez criou uma influência sem precedentes, como refere o Libération. Em França, mas não só.

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Enquanto maestro dirigiu algumas das maiores e mais importantes orquestras mundiais, como as filarmónicas de Nova Iorque, Chicago e Viena. Presença assídua em Portugal, atuou na Fundação Calouste Gulbenkian e na Casa da Música, no Porto, onde foi destaque na programação de 2012. Em 2001, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago por Jorge Sampaio, então Presidente da República portuguesa.

Importante divulgador e incentivador da música contemporânea, foi ainda fundador do Instituto de Pesquisa e Coordenação de Música e Acústica (IRCAM) do Centro Pompidou e do Ensemble Intercontemporain, uma referência da música vanguardista.