Carlos Costa falou em persuasão, mas foi o vice-governador, Pedro Duarte Neves, que explicou que o Banco de Portugal negou a Ricardo Salgado registos para o desempenho de funções no BESI, no BEST, ASAF e Espírito Santo Tech Ventures. Esta foi a “pressão moral” que terá levado Salgado a apresentar um plano de sucessão.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, Pedro Duarte Neves disse que “claramente” a administração do BES dificultou o trabalho de supervisão do Banco de Portugal e que a família Espírito Santo nunca foi ameaçada com a destituição dos cargos da direção – até porque isso seria sempre baseado em processos de retirada de idoneidade -, mas sim através da negação de registos.

A pergunta foi suscitada por Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, e o responsável à altura pela supervisão do Banco de Portugal surpreendeu todos os deputados na sala, fazendo com que o próprio presidente da comissão, Fernando Negrão pedisse esclarecimentos adicionais. Duarte Neves explicou então que Ricardo Salgado tinha pedidos pendentes junto do Banco de Portugal para renovar os seus registos para desempenho de funções em várias instituições bancárias e que esses não foram concedidos como medida de “persuasão”.

O vice-governador, que na altura estava encarregue da sucessão, justificou ao deputado do PS João Galamba que “é mais fácil protelar um registo do que abrir um processo de retirada de idoneidade com sucesso”. Como resultado desta “pressão moral” por parte do Banco de Portugal, Salgado apresentou o plano de sucessão e abdicou dos registos em abril de 2014.

Ainda nesta segunda-feira, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, disse ter recebido três pareceres jurídicos sobre a retirada de idoneidade enviados pelo BES que alertavam para a dificuldade em retirar esta mesma idoneidade, fazendo com que o governador não pudesse agir contra Salgado e a restante administração de forma a destituí-los dos seus cargos.  

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR