Começa esta sexta-feira a quarta edição do Vodafone Mexefest, aquele que é o maior festival de música independente de Lisboa. Porque os festivais não acontecem apenas no verão, o Mexefest pretende celebrar a música não num, mas em vários pontos da cidade. Com o lema “de palco em palco, a música mexe na cidade”, o festival tem duas particularidades: os espetáculos distribuem-se por vários espaços, alguns verdadeiros emblemas culturais da cidade, e o alinhamento concentra-se no pop/rock alternativo, mas não vive obcecado por grandes nomes. Claro que há os cabeças de cartaz, mas a programação aposta nos artistas menos conhecidos e na música portuguesa. Eis alguns dos destaques.

St. Vincent já esteve entre nós este ano (no Primavera Sound no Porto — e esta noite outra vez, no Hard Club) e é a artista mais mediática do cartaz deste ano. Com um nome “roubado” de um verso de Nick Cave, Annie Clark tornou-se St. Vincent em 2007, data em que lançou o primeiro álbum, “Marry Me”. Multi-instrumentalista, compositora e intérprete, estreou-se no mundo da música como membro dos The Polyphonic Spree, que depois abandonou para seguir a carreira a solo. Faz música pop mas sempre com a eletrónica como pano de fundo. Este ano apresentou um disco homónimo, foi (outra vez) aclamada pela crítica e mantém-se entre os nomes mais importantes da música “independente”.

Tune-Yards é o projecto de Merrill Garbus, a mulher que sintoniza uma mistura saudável de diferentes géneros e tradições, desde a pop ao indie, passando pelo folk e pela world music. Contrariamente ao que aconteceu nos primeiros anos de carreira, para gravar o último álbum, Merrill Garbus fechou-se no estúdio e obrigou-se a um ritmo de trabalho metódico. O resultado foram 30 demos que, depois de selecionadas, se transformaram em “Nikki Nack”, o mais recente trabalho.

Sharon Van Etten estreou-se em 2009 com “Because I Was In Love” e desde então nunca mais parou. Intérprete extraordinária, tem vindo a construir um lugar sólido dentro do folk norte-americano. Os temas que escreve, com a sua voz a ocupar sempre um lugar de destaque, são sobretudo canções de amor. “Are We There” é o mais recente disco.

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Jay-Jay Johanson é provavelmente um dos mais conhecidos artistas escandinavos. Ao longo de quase duas décadas, Johanson conseguiu manter-se sempre coerente e, ao mesmo tempo, inovador. Estreou-se em 1996 com o álbum “Whiskey”, aventurando-se depois num género mais trip-hop, aliado a um estilo vocal que faz lembrar os maiores nomes da chanson française. Mais recentemente, tem-se dedicado a explorar sonoridades mais folk e jazz, mas sem nunca abandonar a eletrónica.

Perfume Genius é Mike Hadreas. Vive em Seattle (EUA), conta já com dois álbuns de originais, carregados de experiências pessoais e histórias “negras”. O novo álbum, “Too Bright”, feito em conjunto com Adrian Utley dos Portishead, foi lançado em setembro e é composto por onze canções que não são aconselháveis aos corações mais sensíveis. Intimista e sensível, é um dos artistas mais aguardados no Vodafone Mexefest.

Os Wild Beasts estão de volta a Portugal. Já somam 12 anos de carreira e são um fenómeno de culto dentro na cena indie. O quarteto britânico já publicou quatro LPs, catalogados indie-rock-pop, mas trazem no último “Present Tense” um lado mais eletrónico, que faz lembrar um som mais característicos dos anos 80 ou 90. E aquela voz existe (Hayden Thorpe), é mesmo assim.

 

No Mexefest também se canta em português

São vários os artistas portugueses presentes nesta edição do Vodafone Mexefest. Já aqui falámos na aposta do festival nas novas bandas, através do concurso Vodafone Band Scout. Para além destes, encontramos no alinhamento nomes consagrados, outros a ganhar terreno, mas muitos são perfeitos desconhecidos que vale a pena descobrir.

Ana Cláudia é a artista que abre o festival na Sociedade Portuguesa de Geografia. Voz treinada pelo jazz, sobe ao palco para apresentar o disco de estreia, “De Outono”. Também na primeira noite, os dois nomes de peso da edição deste ano: Capicua, é já um dos nomes mais importantes do hip hop português. À mesma hora, Francis Dale (Diogo Ribeiro) leva a motown ao Palácio Foz, e pouco depois os Clã apresentam no São Jorge convidados de luxo: Sérgio Godinho e Samuel Úria estão já confirmados, como se não bastasse a voz e presença de Manuela Azevedo. Os Clã já são veteranos, têm sete álbuns em carteira mas continuam a reinventar-se e por isso merecem o lugar de destaque no alinhamento.

No sábado há uma união de sangue chamada Salto (Guí Ribeiro e Luís Montenegro são primos) que promete fazer tremer a garagem da EPAL. A meio da noite, será vez de encher este espaço com a pop psicadélica dos Sensible Soccers. Também no sábado, desce a Lisboa a pop da Duquesa de Barcelos (é um ele, Nuno Rodrigues) e o rock dos Modernos (ex-elementos dos Capitão Fausto).

Ao longo das últimas semanas fomos apresentando alguns destes destaques na rubrica Uma Música por Dia, mas há mais para ouvir — consulte o cartaz completo e os horários aqui. O Vodafone Mexefest vai por toda a gente a mexer, dentro e fora de portas. São 50 bandas distribuídas por 11 locais no eixo Av. da Liberdade — Rossio. Prepare as pernas e agasalhe-se. Não deve chover mas vai fazer frio, por isso vista roupa e calçado prático e confortável. Se estiver mais cansado ou com pressa pode sempre utilizar os Vodafone BUS, com a garantia de não perder o balanço: de caminho, vai encontrar lá dentro uma banda a tocar.