Se hoje tivesse deixado o telemóvel em casa como se sentiria? Ansioso por voltar a casa e ver se tinha alguma mensagem? Desconcentrado a pensar que alguém pode tentar fazer uma chamada importante? E se o tivesse consigo, mas não o pudesse atender, também ficaria perturbado? Uma experiência com 41 utilizadores de iPhone mostrou que, entre os indivíduos estudados, a separação e a impossibilidade de atender o telemóvel prejudicava o desempenho em tarefas cognitivas.
“Os nossos resultados sugerem que a separação do iPhone pode ter um impacto negativo no desempenho de tarefas mentais”, refere em comunicado Russel Clayton, autor do estudo e doutorando na Faculdade de Jornalismo da Universidade do Missouri. “Adicionalmente, os resultados do estudo sugerem que os iPhones podem tornar-se uma extensão de nós próprios de tal forma que, quando somos separados, experimentamos uma sensação de diminuição do ‘eu’ e um estado fisiológico negativo.”
Sem saberem que a experiência se relacionava com a relação que mantinham com o telemóvel, os estudantes foram sujeitos a dois tipos de situações em que tinham de realizar uma sopa de letras com os nomes dos estados dos EUA em cinco minutos. Numa das situações os estudantes mantinham o telemóvel próximo, na outra o telemóvel era colocado noutro local da sala e os investigadores faziam-no tocar intencionalmente. As medições dos batimentos cardíacos e da tensão durante os dois exercícios mostraram que os sujeitos ficaram ansiosos quando separados dos telemóveis.
O aumento dos sinais de ansiedade, o pior desempenho na resolução da sopa de letras quando o telemóvel tocava e as respostas dos indivíduos (em questionário) dizendo que se sentiram desconfortáveis por não terem o telemóvel consigo ou por não o poderem atender, mostram de que forma o telemóvel pode afetar as tarefas diárias, conforme revela o estudo publicado no Journal of Computer-mediaed Communication. Resta confirmar o que afetou mais os sujeitos: se ouvir o telemóvel tocar, se estarem longe dele.
Num estudo futuro a equipa de investigadores espera medir outros parâmetros, como a atividade elétrica dos músculos faciais ou a condutividade da pele, incluir mais indivíduos e que sejam utilizadores de outros smartphones – neste caso foram escolhidos apenas utilizadores de iPhone porque era mais fácil ligar o som.