Organizações da sociedade civil catalã empenhadas na promoção de um referendo sobre a independência daquela comunidade autónoma de Espanha ergueram este domingo torres humanas em várias cidades europeias, incluindo Lisboa, onde estiveram mais de 200 catalães.

A organização, encabeçada pela Òmnium Cultural, ergueu torres humanas em Lisboa, Londres, Berlim, Bruxelas, Genebra, Paris e Barcelona com cartazes “Catalans Want to Vote” (Os Catalães Querem Votar). As torres humanas são uma tradição cultural catalã e já foram declaradas Património Cultural Imaterial da Unesco em 2010.

A Torre de Belém, em Lisboa, foi o palco escolhido e onde foram formadas três torres, numa das quais foram empenhadas quatro bandeiras: a da Catalunha, a de Portugal, a do grupo catalão “Cotellers de Sants” a que pertence o grupo que fez as torres e uma com a inscrição “Catalans want to vote”.

No final das atuações foram fortemente aplaudidos pelas dezenas de portugueses que assistiam, gritaram “independência” e cantaram uma música de intervenção catalã que se transformou o hino deste movimento.

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Os catalães marcaram o referendo à sua independência para 9 de novembro, mas o Governo espanhol não reconhece a legitimidade da consulta regional.

Em declarações à Lusa, a presidente do grupo “Cotellers de Sants” mostrou estar satisfeita com a participação dos lisboetas nesta manifestação catalã, afirmando que os portugueses têm “capacidade de entender que tanto os catalães como qualquer pessoa têm de ter a possibilidade de responder com liberdade quando se pergunta o que querem”.

“O referendo é uma expressão da democracia. E gostaríamos que nos deixassem dizer o que pensamos nas urnas, que é a forma mais democrática de o fazer”, acrescentou Esther Oriol.

A residir há 41 anos na Catalunha, o português Domingos Campos da Costa, que pertence ao “Cotellers de Sants”, “defendeu o direito do “povo catalão de poder votar para ser independente”.

Por seu lado, o luso-catalão Cristobal Torregrosa (que curiosamente em catalão quer dizer ‘torre grande’) considerou que “mais que um direito, devia ser um dever”.

“Devemos ter a independência e o direito de decidir o nosso futuro. Essas pessoas não são os nossos governantes, estão a representar o povo e estamos a perder essa definição. Hoje, os homens são mais informados e não queremos mais corrupção. Queremos um país livre e feliz para todos”, frisou à Lusa.