Já são conhecidos os seis finalistas que compõem a shortlist do International Booker Prize de 2020, composta por diferentes línguas e nacionalidades dos quatro cantos do globo. O anúncio foi feito ao final da manhã desta quinta-feira pelo presidente do júri, o escritor e crítico literário Ted Hodgkinson, a partir do quarto do filho de um ano de idade. Os restantes jurados, que falaram sobre as diferentes obras, participaram também remotamente no evento, que no ano passado foi feito na Somerset House, em Londres.

Hodgkinson começou por dizer que estes são “tempos estranhos para fazer um anúncio, com tanta incerteza sobre o futuro”. Admitindo que “as nossas vidas mudaram em tantos aspetos”, o presidente do júri de 2020 recordou que quando ele e os colegas começaram a sua “épica jornada de leitura” em outubro do ano passado, nunca imaginaram que, agora, viveriam “tempos diferentes”. Pelo caminho, foram sendo premiados pelas “descobertas” que fizeram. Porque a tradução, implica tanto “coragem” como “mestria”.

Os livros escolhidos são “soberbos”, transcendem este momento, “emergindo-nos”, “mergulhando-nos no desconforto e exaltando encontros com seres num estado de transição”, apontou Hodgkinson. “Quer seja descrevendo uma distopia imaginosamente desafiante ou fluxos incandescentes de linguagem, estes são feitos tremendos de tradução.”

Na lista de apresentação dos seis finalistas, a escritora e membro do júri Valeria Luiselli descreveu os seis romances como “ousados, experimentais e não convencionais”, apontando que “estes tempos que vivemos, fizeram-nos abrandar e pensar sobre aquelas coisas que geralmente dávamos como garantidas”. Para Jeet Thayil, também jurado, tratam-se de livros “eletrificantes, ressonantes e cheios de significado”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A shortlist deste ano é a seguinte:

  1. The Enlightenment of The Greengage Tree, de Shokoofeh Azar (Irão). Tradutor anónimo (Europa Editions);
  2. The Adventures of China Iron, de Gabriela Cabezón Cámara (Argentina). Traduzido por Iona Macintyre e Fiona Mackintosh (Charco Press);
  3. Tyll, de Daniel Kehlmann (Alemanha). Traduzido por Ross Benjamin (Quercus);
  4. Hurricane Season, de Fernanda Melchor (México). Traduzido por Sophie Hughes (Fitzcarraldo Editions);
  5. The Memory Police, de Yoko Ogawa (Japão). Traduzido por Stephen Snyder (Harvill Secker);
  6. The Discomfort of Evening, de Marieke Lucas Rijneveld (Países Baixos). Traduzido por Michele Hutchison (Faber & Faber).

Além do escritor e crítico literário Ted Hodgkinson (presidente), o júri do International Booker Prize de 2020 é composto pela diretora da Villa Gillet e editora Lucie Campos, pela tradutora Jennifer Croft (que recebeu este mesmo prémio pela tradução de Viagens, da polaca Olga Tokarczuk, em 2018), pelo jornalista e escritor Jeet Thayil e pela autora Valeria Luiselli.

No ano passado, o galardão foi atribuído a Jokha Alharti, pelo romance Corpos Celestiaispublicado em Portugal no início deste ano pela editora Relógio d’Água. Alharti foi a primeira escritora originária do Sultanato de Omã a vencer o prémio, a primeira a ser traduzida para inglês e a sua obra a primeira em língua árabe a ganhar o galardão.

O grande vencedor da edição deste ano do prémio de ficção traduzida para o inglês será anunciado a 19 de maio.