A máquina de Rui Rio já está oleada para estar tudo preparado na hora de avançar rumo a Belém – quer isso aconteça em setembro, quer depois das legislativas, quer nem aconteça de todo. Ao que o Observador apurou junto de fontes próximas do ex-autarca do Porto, a campanha de angariação de fundos já começou e também já há convites para uma futura comissão executiva da candidatura.

O pormenor do dinheiro, que é uma variável importante na equação da corrida presidencial, também está a ser pensado. O Observador sabe que já foram feitos vários contactos no sentido de angariar donativos para a campanha, inclusive junto de empresários. O próprio Rio deixou claro, na última entrevista que deu à RTP, que o factor monetário não podia ser esquecido na hora de decidir se avança ou não. “Uma campanha presidencial custa muito dinheiro”, disse em julho, dando exemplos das matérias que têm de ser ponderadas para montar uma máquina de campanha, e que vão desde as condições pessoais e políticas às condições logísticas. “Uma pessoa não é candidata porque acha piada, por componente lúdica, por vaidade”, afirmava na altura.

Em todo o caso, o Observador apurou que a máquina da campanha está mesmo em marcha. “É normal que certos aspetos sejam acautelados já, independentemente de qual venha a ser a decisão”, disse fonte próxima de Rio.

O avanço do ex-presidente da Câmara do Porto chegou a ser dado como certo para julho, primeiro, e, depois, para setembro, mas, tal como disse à RTP, a decisão será assumida pelo próprio sem necessidade de mensageiros. A verdade é que há muitas variáveis em jogo, e o resultado das eleições legislativas pode ser uma delas.

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Segundo o jornal i, apoiantes de Rio estão a aconselhá-lo a esperar pelo resultado das eleições legislativas para decidir se concorre a Belém ou ao PSD – no caso de Passos perder, deveria concorrer à sua sucessão no partido.

Segundo apurou o Observador, os apoiantes de Rio entendem que o cenário de derrota da coligação PSD/CDS nas legislativas pode dificultar mais uma candidatura do autarca e favorecer uma candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa (que agora diz que o timing certo para uma decisão é novembro/dezembro). Isto porque Rio colhe o apoio de Passos, mas não da maioria do partido. “Com um líder relegitimado nas urnas, o partido fará o que ele quiser”, em caso de vitória da coligação nas urnas, admite ao Observador um apoiante de Rio.

As dúvidas ainda são, por isso, muitas, não só sobre qual (ou quais) dos proto-candidatos avança mesmo e qual fica para trás, mas também sobre os timings e sobre os apoios. O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes lançou esta quarta-feira, durante a Universidade de Verão do PSD, uma questão que certamente tem estado no espírito dos sociais-democratas: o que fará o partido se houver mais do que um candidato à direita? Que é como quem diz, o que fará o PSD com Rio e Marcelo a lutar pelo mesmo lugar? Mendes quebrou o gelo ao defender prontamente que, nesse caso, o PSD devia ficar em silêncio na primeira volta, dando “liberdade de voto”, e demonstrar o seu apoio a um deles só na segunda volta. É o terceiro ex-presidente do PSD a defendê-lo depois de Marcelo e Santana.